O reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretária Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), disse nesta terça-feira (3/8) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, que foi pressionado sobre um diálogo que teve com o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominghetti, apontado como vendedor autônomo de vacinas da empresa americana Davati Medical Supply. No diálogo, o reverendo disse à Dominghetti que havia conversado “com quem manda”, quando discutiam a negociação de imunizantes que a Davati buscava vender ao Ministério da Saúde. Aos senadores, disse que isso foi "bravata".
No dia 16 de março, o reverendo enviou a seguinte mensagem a Dominghetti: “Bom dia! Ontem falei com quem manda! Tudo certo! Estão fazendo uma corrida compliance da informação da grande quantidade de vacinas!” Ele respondia a Dominghetti, que tinha perguntado se haviam lhe posicionado sobre algo. “O ministério nem respondeu o e-mail da Davati”. Questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou: “Isso aí foi uma bravata minha”.
A resposta gerou irritação do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), tendo em vista que ele foi orientado pelo advogado a responder dessa forma. “Eu ouvi o senhor (advogado) dizer: ‘diz que é uma bravata‘“. A conversa de Amilton Gomes vem em um contexto no qual Dominghetti conversa com outras pessoas que citam que o reverendo estaria se reunindo com o presidente Jair Bolsonaro.
No próprio dia 16 de março, por exemplo, Dominghetti falou com uma mulher identificada como “Maria Helena Embaixada”, que seria auxiliar do reverendo. Ela afirma: “Ontem o rev (reverendo) esteve com o presidente”. Em outro momento, no dia 15 do mesmo mês, Dominghetti conversa com uma pessoa identificada como “Amauri Vacinas Embaixada”, em que o cabo pergunta: “Como foi a visita do reverendo ao 01?”, ao que Amauri responde: “O reverendo nesse momento está com o 01”. Antes disso, no dia 8, Dominghetti pergunta para Amauri: “Tem previsão do horário desta reunião do reverendo com 01?”
Apesar da atuação ao lado da Davati, o reverendo afirmou à CPI que não estava negociando vacina. “Eu estava ali indicando alguém que teria essas vacinas”, afirmou. Apesar disso, em um e-mail enviado por Laurício Cruz, ex-diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em 23 de fevereiro, um dia depois de o reverendo se reunir com ele na Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), Laurício agradeceu a presença da Senah e a apresentação da proposta de 400 milhões de doses da AstraZeneca, dizendo ainda que os processos deveriam ser direcionados à secretaria-executiva, então comandada pelo coronel Elcio Franco.
Michelle Bolsonaro
Além da “bravata” citada pelo reverendo, ele foi questionado sobre uma mensagem enviada por Dominghetti a outro interlocutor, dizendo que a primeira-dama Michelle Bolsonaro “está no circuito junto com o reverendo". Sobre isso, Gomes disse que “era para mostrar algo que não tinha”.
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