INTERFERÊNCIA NA PF

Moraes manda PF retomar investigação sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF

Inquérito foi prorrogado por mais 90 dias. De acordo com ministro, corporação não precisa mais aguardar a definição sobre o formato do depoimento do presidente

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (30/7) que a Polícia Federal retome as investigações do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na corporação para proteger amigos e familiares. O inquérito foi prorrogado por mais 90 dias contando do dia 27.

De acordo com o magistrado, a corporação não precisa mais aguardar a definição sobre o formato do depoimento do mandatário e acrescentou que as diligências pendentes podem ser executadas pela PF independentemente da tomada das declarações.

"Considerada a prorrogação de prazo para o término do presente inquérito, por mais 90 (noventa) dias, contados a partir do dia 27/7/2021 e a necessidade de realização de diligências pendentes para o prosseguimento das investigações, não se justifica a manutenção da suspensão da tramitação determinada pelo então relator em exercício, Min. MARCO AURÉLIO, em 17/9/2020", diz um trecho do despacho.

Até então, a investigação estava suspensa pois a PF só conseguiria concluir o inquérito após o depoimento do presidente Jair Bolsonaro, que ainda não sabe se pode depor por escrito ou pessoalmente já que o tema está em debate no STF. O então relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, que deixou o cargo no início do mês, votou para que a oitiva seja presencial e que possa ser retomada em setembro deste ano.

Quando o ex-ministro da Justiça Sergio Moro deixou o governo Bolsonaro, em abril de 2020, acusou o presidente de interferir na diretoria-geral da Polícia Federal e na superintendência fluminense do órgão. O mandatário nega interferência.

No vídeo da reunião do dia 22 de abril, citado por Moro, Bolsonaro chega a dizer que não iria esperar "foder a família" para trocar alguém da segurança.

"Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui para brincadeira", disse o presidente. No entanto, as declarações, por si só, não são suficientes para concluir pela interferência no trabalho policial.

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