A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 deve pedir na próxima semana a quebra de sigilo bancário de 10 sites bolsonaristas que divulgam informações falsas sobre a pandemia. A intenção é descobrir quem financia esses sites. Um deles é de grande alcance nacional. Pode entrar na lista, também, um canal do Youtube.
Os requerimentos já estão sendo elaborados e devem ser votados na terça-feira, 3 de agosto, primeiro dia de retorno das sessões após recesso de 15 dias. Mesmo sem as sessões da CPI, durante esse período de duas semanas a comissão foi dividida em sete núcleos, sendo que um deles apura desinformação (fake news) no âmbito da pandemia. O assunto ‘fake news’ sempre esteve presente na comissão.
Até o momento, a comissão se dedicou em algumas frentes, como o chamado ‘gabinete paralelo’, formado por pessoas que abasteciam o presidente da República com informações negacionistas sobre a pandemia; e as suspeitas de corrupção na negociação de vacinas. Esta última linha de investigação deve continuar forte nas próximas sessões da comissão, que foi prorrogada e irá até 5 de novembro.
Entretanto, a CPI pretende investigar mais a fundo a desinformação sobre a covid-19, com publicações falsas sobre vacinas. Esse núcleo terá a colaboração de um delegado da Polícia Federal, e possivelmente de um agente, para investigar influenciadores, parlamentares, sites e canais no Youtube. A CPI, atualmente, conta com o trabalho de três delegados da PF.
Durante o recesso, o grupo que está apurando desinformação listou 76 perfis, dentre eles 11 parlamentares bolsonaristas. Chegou-se a avaliar a possibilidade de se pedir a quebra de sigilo dos envolvidos, a fim de verificar se receberam recursos públicos enquanto divulgavam informações falsas sobre a pandemia. Mas a estratégia foi alterada, para não atingir pessoa física. No caso desses perfis, houve um trabalho de triagem. Menos de um terço permaneceu na lista, que será entregue ao delegado para que investigue os conteúdos desses perfis nas redes. No caso dos 11 parlamentares que também foram listados, o grupo de trabalho já coletou uma série de informações em seus perfis.
O gigante da tecnologia Google também está no radar da comissão. Entre os senadores da CPI, há entendimento de que a empresa tem responsabilidade com o conteúdo anunciado via “Google Ads”. Ainda em junho, foi aprovada a convocação de um representante da Google Brasil, assim como do Twitter e Facebook.