O presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar nesta terça-feira (27/7) das críticas que tem recebido em relação ao fundo eleitoral de quase R$ 6 bilhões. "Já estão me criticando. De vez em quando, dá vontade de falar: ‘vocês merecem os presidentes que tiveram anteriormente. Merecem, tá ok?’. Apesar de ter garantido que vetaria o aumento dos recursos para o próximo ano de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, o mandatário mudou o discurso, ontem, afirmando que deverá retirar apenas o que chamou de “excesso”. Sem maiores detalhes, disse que sancionará o fundo eleitoral em cerca de R$ 4 bilhões. Durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada hoje, o chefe do Executivo repetiu que pode incorrer em crime de responsabilidade ao vetar integralmente a medida.
“O fundão foi criado em 2017, o presidente era Michel Temer. E toda vez que tem eleições, o que que a lei manda fazer? Pega o valor anterior, bota a inflação em cima. É o novo fundão. Então, num caso desse, eu não posso vetar, porque se eu vetar, estou deixando de cumprir a lei de 2017. Nesse caso do novo fundão, extrapolaram. Então, eu posso vetar. Vou vetar o quê? O excesso. Já estão me criticando. De vez em quando, dá vontade de falar: ‘vocês merecem os presidentes que tiveram anteriormente. Merecem, tá ok?’. Porque fazer as coisas com responsabilidade não é fácil”, justificou.
"Apanho o tempo todo"
Bolsonaro disse ainda que apanha o tempo todo, "sem motivo". "Pode me criticar, eu erro também. Agora, você apanhar o tempo todo sem motivo, por parte de grande parte da mídia, por parte de algumas autoridades por aí... Eles querem a volta da impunidade e da corrupção. Eu falo, né: Dois anos e meio sem corrupção e daí me acusam de ser corrupto de uma vacina que não foi comprada e não gastou um centavo", alegou em referência às denúncias de corrupção dentro do governo na compra de vacinas contra a covid-19.
CPI
Ele voltou a chamar o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o senador Omar Aziz (PSD-AM), de "anta amazônica" e relatou que agora a acusação contra ele é a de ser "motoqueiro".
"Nenhum faz o que eu faço, andar no meio do povo. Fui acusado agora pela CPI de ser "motoqueiro". A anta amazônica me acusa de ser motoqueiro", ironizou, emendando que no próximo sábado (31) estará em Presidente Prudente (SP) para inaugurar um Hospital do Câncer.
No último dia 13, Aziz afirmou que Bolsonaro é um "grande motoqueiro e péssimo presidente", referindo-se às motociatas que o mandatário tem participado pelo país.
Por fim, reclamou que "a CPI não quer investigar desvio de recursos" e que não chamou o secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, para depor. "O Carlos Gabas, operador do Consórcio do Nordeste, sumiu com R$ 49 milhões, não recebeu um respirador sequer. Me acusam de corrupto de uma vacina que eu não comprei, não paguei um centavo", concluiu.