MANIFESTAÇÃO

Protestos contra Bolsonaro: quem são os principais grupos por trás das manifestações no sábado

Segundo os organizadores, reunidos na Campanha Nacional Fora Bolsonaro, até a noite de sexta-feira, estavam confirmados 488 atos, em 471 cidades e 17 países


A oposição ao governo Bolsonaro volta às ruas em protestos previstos para acontecer em todo o país no sábado (24/7). Será o quarto dia de manifestações nacionais contra o presidente, após mobilizações em 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho.

Segundo os organizadores, reunidos na Campanha Nacional Fora Bolsonaro, até a noite de sexta-feira, estavam confirmados 488 atos, em 471 cidades e 17 países. Em 3 de julho, foram 352 atos, em 312 cidades do Brasil e outros 35 no exterior, em 16 países, segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo.

Desta vez, o mote será a "defesa da democracia, da vida dos brasileiros e do Fora Bolsonaro", conforme manifesto lançado por alguns dos organizadores.

No protesto do início de julho em São Paulo, um grupo de manifestantes quebrou vidraças e incendiou uma agência bancária na rua da Consolação, ação que foi reprimida pela Polícia Militar com spray de pimenta e bombas de efeito moral.

Para tentar evitar acontecimentos do tipo, o protesto na capital paulista neste sábado deve sair em caminhada mais cedo, com o objetivo de que a manifestação não se prolongue noite adentro. A concentração está prevista para 15h, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), com início da caminhada às 16h30, e término na Praça Roosevelt, no centro da cidade.

O protesto de 3 de julho em São Paulo teve ainda um outro incidente: militantes da legenda de esquerda PCO (Partido da Causa Operária) agrediram integrantes do PSDB, que participavam pela primeira vez da mobilização contra Bolsonaro.

Reprodução
Grupo autointitulado 'Bloco Democrático' terá carro de som próprio e chamou sua concentração para o Conjunto Nacional neste sábado (24/07)

No sábado, o PSDB e partidos como Cidadania, PV, PCdoB, PDT, PSB, Rede e Solidariedade terão caminhão de som próprio, junto a movimentos ditos de "renovação política", como Acredito e Agora. Esse grupo, autointitulado Bloco Democrático, se concentrará às 15h em frente ao Conjunto Nacional, também na Avenida Paulista.

"É hora de unir os brasileiros, independente de colorações partidárias e ideológicas, na defesa intransigente da democracia", afirmam os integrantes do Bloco Democrático, em documento.

Entenda a seguir quem são os principais grupos por trás das manifestações deste sábado contra Bolsonaro.

Centrais sindicais

As principais centrais sindicais do país participam da organização ato deste sábado: CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), CSB (Central de Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, Intersindical, NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Pública Central do Servidor e UGT (União Geral dos Trabalhadores).

As diversas centrais têm laços históricos com os partidos políticos e, assim como eles, formam um espectro amplo, da centro-direita à esquerda.

A Força Sindical, por exemplo, era historicamente próxima ao PSDB e hoje em dia é a central do partido Solidariedade. Enquanto a UGT nasceu de um racha da Força Sindical em 2007 e reúne liderança ligadas a partidos como o PSD de Gilberto Kassab, o PSB de Márcio França, o PTB de Roberto Jefferson e o PR de Valdemar Costa Neto.

O PDT tem na CSB a sua central, enquanto o PCdoB tem seu braço sindical na CTB, e o PT é historicamente ligado à CUT.

Neste sábado, as centrais sindicais terão caminhão de som na altura do prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que fica no número 1.313 da Avenida Paulista.

Partidos

Entre os partidos, os atos desse sábado devem reunir um amplo espectro, da centro-direita à esquerda: PSOL, PT, PSTU, PCO, PCdoB, PCB, PDT, PSB, Cidadania, PV, Rede, Solidariedade e PSDB, estão entre os envolvidos na organização dos protestos.

O grupo formado por Cidadania, PV, PDT, PSB, PSDB, Rede e Solidariedade optou em São Paulo pela concentração no Conjunto Nacional, numa tentativa de atrair manifestantes contrários a Bolsonaro que não necessariamente se identificam com a esquerda e que não querem ser tachados de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Rodrigo Paiva/Getty Images
Manifestações de apoio a lula tem sido constantes nos protestos contra Bolsonaro e causam desconforto em parte dos participantes

Movimentos de 'renovação política'

Ao menos três dos movimentos ditos de "renovação política" estão chamando seus apoiadores a participar dos protestos deste sábado: Acredito, Agora e Livres.

São organizações surgidas em sua maioria na esteira das manifestações de junho de 2013 e na turbulência política dos anos seguintes. Em meio ao desgaste dos partidos tradicionais, visam trazer nomes de fora da política partidária para disputar as eleições.

Fundado em 2017, o Acredito se diz um "movimento nacional e suprapartidário", que visa "dar voz a uma nova geração na definição dos rumos o país". Em 2018, elegeu nomes como os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

O Agora se define como um "movimento independente, plural e sem fins lucrativos". Nascido em 2016, é financiado por pessoas físicas e entidades sem fins lucrativos. Tem como integrantes figuras como Joenia Wapichana (Rede-RR) e Marcelo Calero (PPS-RJ), ambos deputados federais.

Já o Livres se considera um "movimento liberal suprapartidário". Nasceu em 2016, incubado no PSL, mas rompeu com o partido em janeiro de 2018, quando este anunciou a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência. Membros do movimento devem participar do ato em São Paulo.

Frentes de esquerda

As frentes são movimentos amplos que reúnem sindicatos, partidos, movimentos sociais e entidades da sociedade civil. Na organização das mobilizações contra Bolsonaro há muitas delas: Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular, Fórum Democrático de Liberdades, Frente Povo na Rua e Luta Popular Socialista, por exemplo.

A Frente Povo Sem Medo foi fundada em 2015, reunindo movimentos sindicais e da juventude, de sem-teto e segmentos progressistas da Igreja Católica. Tem como eixos "o enfrentamento às políticas de austeridade, ao conservadorismo e a busca por saídas para a crise com reformas populares e taxação dos ricos".

Tem entre seus membros os movimentos estudantis Juntos! e Rua-Juventude Anticapitalista, ligados ao Psol, a UJS (União da Juventude Socialista) e a central sindical CTB, ligados ao PCdoB, além do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto) de Guilherme Boulos e a CUT, entre outros.

Já a Frente Brasil Popular reúne membros de partidos como PT, PCdoB, PSB, PMDB, PCO e PDT, além de uma ampla gama de movimentos sociais e organizações civis.

Em 2015, por ocasião do lançamento da Frente Povo Sem Medo, um dirigente da CUT — central que faz parte das duas frentes amplas — tentou explicar a diferença e minimizar a divisão.

"Os objetivos das duas frentes são os mesmos: a defesa do direito dos trabalhadores contra a política econômica recessiva que aplica a alta dos juros e retira recursos de programas sociais. O diferencial é que a Frente Povo Sem Medo é constituída exclusivamente por setores do movimento social e sindical e a Frente Brasil Popular é ampla e participam partidos de esquerda", disse Douglas Izzo, então presidente da CUT de São Paulo, ao El País.

Divulgação/MBL
Projeção realizada pelo MBL na fachada do Ministério da Saúde, em Brasília, chamando para ato organizado por movimentos da direita, previsto para 12 de setembro

Quem não vai

Optando por não aderir aos protestos puxados pela esquerda, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua marcaram para 12 de setembro um protesto nacional pelo impeachment de Bolsonaro, que também conta com o Livres na organização. A convocação tem apoio de políticos de direita de partidos como Novo e PSL.

O MBL surgiu em 2013 e ganhou notoriedade convocando protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Tem como políticos de destaque o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), o deputados estadual por São Paulo Arthur do Val (PSL) e o vereador paulistano Fernando Holiday (Novo). O movimento já foi próximo a Bolsonaro, mas se distanciou do presidente.


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