O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta quinta-feira (22), que a recriação do
Ministério do Trabalho foi um movimento político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que Onyx Lorenzoni (DEM-RS), atual ministro da Secretaria-Geral, não fique sem ministério na "pequena reforma ministerial" anunciada por Bolsonaro para os próximos dias. Ele será substituído pelo general Ramos, da Casa Civil, que, por sua vez, dará lugar ao senador Ciro Nogueira, presidente do PP, hoje o principal partido do Centrão.
“O ministro da Casa Civil, hoje, é o general Ramos, que estava fazendo um bom trabalho de coordenação dos orçamentos junto com os nossos ministérios, ele tem a confiança do presidente e então é deslocado para a Secretaria-geral. Quando ele entra lá, tem um político que está com o presidente desde a campanha eleitoral, que é o Onyx Lorenzoni, que está como companheiro fiel e leal ao presidente. São as coisas da política. Agora o Onyx vai fazer o quê, vai ficar sem ministério?”, disse Guedes a jornalistas.
Ele justificou que Lorenzoni participou de importantes projetos junto ao Ministério da Economia e “é como se fosse parte da equipe econômica”. O ministro negou que a reforma ministerial anunciada por Bolsonaro seja fruto de uma pressão política de partidos do Congresso.
“O presidente não cedeu o coração da política econômica por pressão política para outros partidos, não teve nada disso. [...] Está havendo uma reorganização — o presidente ainda não decidiu, não bateu o martelo. Está havendo uma reorganização interna sem nenhuma ameaça ao coração da política econômica”, pontuou.
“A democracia é isso, quando há uma pressão política, o que é legítimo, pois estamos em um regime democrático, o presidente está fazendo um movimento político. Toda reforma ministerial é um movimento político, mas ela é feita com o cuidado de preservar o coração da política econômica”, complementou.
As mudanças no primeiro escalão do governo vêm justamente em uma hora de forte crise política no governo de Bolsonaro, que está cercado por investigações e denúncias de prevaricação, crimes de responsabilidade e envolvimento com corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 pelo Ministério da Saúde.
Nos últimos meses, analistas avaliam que o preço do apoio do Centrão ao governo tem aumentado proporcionalmente às crises que pioram semana após semana. Esse apoio é uma das poucas coisas que seguram Bolsonaro no cargo, já que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que integra o partido comandado por Ciro Nogueira, se recusa a dar prosseguimento aos mais de 100 pedidos de impeachment contra o mandatário.
Conforme a CPI da covid-19 no Senado avança, o governo tem tentado manter o apoio do Centrão. Na própria CPI, o senador Ciro Nogueira tem sido um dos principais defensores dos interesses do governo. Sua chegada à Casa Civil leva a influência do Centrão no governo a outro patamar.