O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (22/7), que "não pode admitir que meia dúzia de pessoas tenham a chave criptográfica de tudo e, de forma secreta, contem votos numa sala secreta lá no Tribunal Superior Eleitoral". A declaração foi feita em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba. O mandatário repetiu que deverá fazer uma demonstração com o auxílio de um hacker, na próxima semana, o que, segundo ele, provará que houve fraude nas eleições de 2014.
"Na semana que vem, na quinta ou na sexta, nós vamos apresentar aqui o que aconteceu no segundo turno por ocasião das eleições de 2014. Aécio Neves e Dilma. Vai ser bastante objetiva para todos entenderem da inconsistência e vulnerabilidade, temos aí várias ciências e podemos falar em probabilidade", declarou.
O mandatário comparou a contagem minuto a minuto a um jogo de cara ou coroa ou a ganhar sozinho na Mega Sena de forma consecutiva.
"Em 2014, o TSE disponibilizou a apuração minuto a minuto. Isso de 231 vezes, são 231 minutos. Então você comprava só ali, claramente, que houve uma interferência externa. Não estou acusando servidores do TSE. Não posso admitir que meia dúzia de pessoas tenham a chave criptográfica de tudo e, de forma secreta, contem votos numa sala secreta lá no Tribunal Superior Eleitoral. Isso não é admissível. A própria Constituição fala em contagem pública dos votos. O que eu to querendo: transparência. Nada mais além disso. Não podemos terminar as eleições de 2022 e o povo aí ficar na dúvida, será que esse cara ganhou?Será que o processo foi limpo, foi transparente?", justificou.
Bolsonaro disse também ter provas de que ganhou as eleições de 2018 em primeiro turno. "Vou demonstrar em parte, aguardo mais uns dados ainda da minha eleição, que, no nosso entendimento, nós ganhamos no primeiro turno". Desde o começo de 2019, o mandatário tem feito narrativas reiteradas de fraude nas urnas, mas nunca apresentou provas.
Por fim, o chefe do Executivo voltou a acusar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de articular e interferir contra a aprovação do voto impresso.
"Estava bem encaminhada a proposta para tramitar na Câmara. De repente, o ministro Barroso, do nada, presidente do TSE, vai para dentro do parlamento se reunir com líderes partidários. Nos dias seguintes, os líderes trocam integrantes da comissão e colocam lá parlamentares contrários à aprovação desse projeto, ou seja, querem ver se matam o projeto na comissão. Isso é interferência clara do ministro Barroso no processo legislativo. Ele tem medo do quê? Tá apavorado por quê? Ele estaria refém de alguém? Acredito que não, mas é um dado bastante preocupante. Nós estamos nos antecipando a possíveis problemas", concluiu.
"Não acredito mais"
No último dia 19, Bolsonaro disse que não acredita mais que o voto impresso será aprovado pela Câmara dos Deputados. "Eu não acredito mais que passe na Câmara o voto impresso, tá? A gente faz o possível. vamos ver como é que fica aí", alegou. A um bolsonarista, ele completou, em indireta a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF): "Quem tem que contar os votos não podem ser aqueles que tiraram o Lula da cadeia".