A senadora Simone Tebet (MDB-MT) comentou ao Correio a crise política que se instaurou após a ameaça do Ministro da Defesa ao Congresso Nacional. Conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, o general do Exército Walter Braga Neto condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso, que precisa ser implementado por proposta de emenda à Constituição (PEC). A PEC 135/2019 só não perdeu no voto por conta de uma manobra de governistas. O texto não tem o apoio necessário para avançar no parlamento.
A ameaça de Braga Neto está fora do papel constitucional das Forças Armadas e tem um desdobramento importante. Se não há eleição, o atual presidente permanece no cargo, mas sem o aval da população. O ministro teria feito a advertência intimidatória ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em particular. Na manhã desta quinta (22/7), disse brevemente à imprensa que não ocorreu a ameaça. Depois, emitiu uma nota afirmando se tratar de “desinformação, e afirmando que o debate do voto impresso pertence ao Congresso.
Há fortes possibilidades que Braga Neto seja convocado à Câmara para se explicar. Partidos de esquerda também acionarão o Supremo Tribunal Federal. Para Tebet, o ocorrido é um sintoma do risco de morte da democracia. A senadora integra a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid como convidada. O colegiado, recentemente, também foi ameaçado pelo ministro da Defesa e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
A senadora alertou que, mesmo que o general desminta o ataque direto à democracia, o esgarçamento das instituições tem sido recorrente, o que é um perigo para o sistema político brasileiro. “Fake ou fato, desmentido ou não, lançamento de instituições democráticas umas contra as outras tem sido recorrente. Assim morrem as democracias. É papel das Forças Armadas garantir instituições fortes, independentes e harmônicas. Assim é que as democracias se fortalecem”, alertou.