O presidente Jair Bolsonaro confirmou, nesta quinta-feira (22/7), que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) aceitou o convite para comandar a Casa Civil. Ele assumirá na semana que vem, quando retorna de viagem. O mandatário relatou que, com a vinda do parlamentar, haverá uma melhoria de diálogo com o Congresso e que a recriação do Ministério do Emprego e Previdência, que deverá ficar a cargo de Onyx Lorenzoni. O chefe do Executivo disse, ainda, que não haverá aumento no número de ministérios, uma vez que o Banco Central perdeu esse status.
"Realmente deve acontecer na semana que vem. Está praticamente certo. Nós vamos botar um senador aqui na Casa Civil que pode manter um diálogo melhor com o parlamento brasileiro. O general Ramos, que está na Casa Civil, continua sendo ministro palaciano, vai para a Secretaria-Geral e o Onyx, que a gente chama de curinga, né?, ele vai para um novo ministério. E não vai ser aumentado o número de ministérios. Como o BC perdeu esses status há dois meses, nós restabelecemos 23 ministérios e vai ser o Ministério do Emprego e Previdência", disse o presidente à Rádio Banda B, de Curitiba.
Bolsonaro também falou da relação com Ciro, afirmando que o "conhece há muito tempo", desde a época em que também integrou o PP, e que é uma pessoa que interessa ao governo por conta de sua experiência. "Esse é o quadro pintado agora, nenhuma mudança drástica no meu entender, acho que melhora a interlocução com o parlamento e nós continuamos dentro da normalidade, conduzindo o destino da nação. A princípio, é ele (Ciro), conversei com ele já, ele aceitou. Está em recesso, chega em Brasília segunda-feira, converso com ele, acertamos os ponteiros e a gente toca o barco. É uma pessoa que eu conheço há muito tempo. Ele chegou em 95 na Câmara, eu cheguei em 91, e eu fui mais da metade do meu tempo de 28 anos de parlamentar, eu fui do Progressista, que é o partido que está Ciro Nogueira. Então não vamos ter problema nenhum no tocante a bem conduzirmos as questões afetas à Casa Civil. E a Casa Civil é o ministério mais importante nosso. É o que trata, inclusive, da coordenação entre os ministérios. Então, é uma pessoa que nos interessa pela sua experiência, que pode, no meu entender, fazer um bom trabalho aqui", acrescentou.
O presidente comentou ainda a fala do ministro Luis Eduardo Ramos, que afirmou não ter conhecimento prévio das mudanças a serem ocorridas na Esplanada e alegou ter sido "atropelado por um trem" com a informação de que deixaria a Casa Civil e iria para a Secretaria-Geral.
"Na área militar é assim, a gente costuma tomar algumas decisões sem ouvir muita gente. Se bem que o Ramos está todo dia aqui, cinco, seis vezes comigo. Ele sabe qual é o comportamento e a nossa intenção. Ele usou uma força de expressão, o trem seria se ele saísse do ministério e fosse dispensado. Ele continua sendo ministro, um ministério importante que ele ocupa também, ministro palaciano está em contato conosco e sempre traz informações de outros ministérios. E como ele é meu amigo desde 1973, quando entramos juntos na Escola Preparatória do Exército, ele vai continuar sendo uma pessoa muito importante para nós aqui", concluiu.
Popularidade em queda
Com a popularidade em queda, ameaçado por pedidos de impeachment e vendo o governo enfraquecido pelas investigações da CPI da Covid, Bolsonaro recorre cada vez mais a “velha política”. O mandatário abrirá outras frentes no Executivo para domínio do Centrão, de olho no apoio do Congresso para manter a governabilidade.
A reorganização a ser promovida por Bolsonaro fará com que o Centrão assuma o comando das duas pastas palacianas que mais dialogam com o Parlamento. Em março deste ano, o presidente já tinha escolhido a deputada federal licenciada Flávia Arruda (PL-DF) para liderar a Secretaria de Governo, que controla a articulação com o Congresso. A Casa Civil, por sua vez, é considerada o ministério mais importante e o “coração” do Executivo, pois por ela passam todas as decisões e pautas relacionadas ao Planalto.
Agora, com Ciro Nogueira na pasta, Bolsonaro dará mais liberdade para o Centrão indicar quais devem ser as prioridades do governo, em especial, no que diz respeito ao Orçamento. O fato de o senador ser considerado uma pessoa conciliadora e que mantém um bom relacionamento com os demais parlamentares agrada aos partidos de centro que estão na base aliada do chefe do Executivo.
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