SUPREMO

Senadores apontam falta de articulação do Planalto na indicação de Mendonça ao STF

Advogado-geral da União não tem contado com atuação do Palácio do Planalto junto aos senadores. Nome precisará passar por aprovação na CCJ e no plenário da Casa

Com a indicação confirmada pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, não tem contado com a articulação do Palácio do Planalto no Senado para que seu nome seja aprovado pelos senadores. É o que tem sido dito por parlamentares.

André Mendonça articula há tempos para conseguir a indicação e assumir a vaga deixada pelo ministro Marco Aurélio Mello. Percorre os corredores do Senado muito antes de Bolsonaro confirmar a indicação. Uma semana antes, foi a um almoço promovido no gabinete do senador Wellington Fagundes (PL-MT), para se colocar à disposição e buscar mais apoio ao seu nome. Na ocasião, disse que queria visitar os senadores em seus estados, e que organizaria as visitas, o que tem sido feito.

No dia, entretanto, o Senado votava a indicação de autoridades a órgãos, como a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A sala, então, ficou com um “entra e sai” de parlamentares, e Mendonça tentando articular. Bem antes disso, no início de junho, ele já era uma figura vista nos corredores do Senado, fazendo já algumas visitas.

Um parlamentar disse à reportagem que o Palácio do Planalto não está articulando em prol do nome, deixando esta movimentação por conta do próprio AGU. Há alguns meses, ele percebia uma movimentação maior para defender a indicação do que o que ocorre agora.

O que se comenta no Senado é que a resistência não é tanto a Mendonça, mas à postura do governo em relação a vários temas, o que deixou alguns senadores insatisfeitos. Um deles é a votação do Fundo Eleitoral. Governistas votaram a favor da previsão de R$ 5,7 bilhões e, depois, criticaram a aprovação.

Aras entre cotados

Existe uma ala que queria o nome do atual Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, à vaga do STF. Bolsonaro, inclusive, antecipou o anúncio de que Aras será reconduzido à chefia da PGR, após indicar o nome de Mendonça. Atua com afinco nesta ala o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que não quer que o AGU seja ministro do STF. O parlamentar é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde o indicado ao STF passa por sabatina e aprovação antes de ter o nome remetido ao plenário.

Aras seria um nome mais bem visto por alguns senadores que são anti-Lava-Jato. As forças-tarefas lavajatistas foram extintas sob a sua gestão. Já os senadores que apoiam a operação criticam inclusive a recondução de Aras à PGR. Na sabatina na CCJ, Augusto Aras deve ser questionado sobre essa postura à frente da procuradoria.

Líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF) disse que o governo tem agido sem mobilização com diversos outros temas. “Não existe articulação. As coisas têm andado muito em função do próprio Congresso”, afirmou.

Líder do bloco Podemos/PSDB/PSL, Lasier Martins (Podemos-RS) diz que sua percepção é de que muita gente não quer Mendonça no STF por ele parecer mais rigoroso em relação a infratores.

Outra avaliação que corre nos bastidores, no entanto, é de que há uma resistência a ele justamente pelo seu grande alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro. Mendonça foi muito criticado por ter usado a Lei de Segurança Nacional (LSN), vista como 'entulho da Ditadura Militar’, para investigar críticos ao governo.

Lasier disse que o líder do governo, Fernando Bezerra, deveria estar trabalhando nos bastidores em prol do nome de Mendonça, mas não tem visto essa movimentação. “Ninguém está se mexendo, ninguém fez contato”, alegou.

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