Uma das responsáveis pela frente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 que apura informações relativas à empresa de logística VTCLog, que possui contratos com o Ministério da Saúde, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) se reuniu nesta quarta-feira (21/7) com integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU) para analisar o caso da empresa. Ela disse que irá pedir que o tribunal priorize o termo aditivo de um dos contratos da VTCLog com o ministério.
"Tivemos hoje uma reunião produtiva com o TCU para analisar o caso VTCLog. Vamos protocolar pedido de priorização de análise do termo aditivo gerador de acréscimo de R$ 88,7 milhões no contrato entre a empresa e o MS (Ministério da Saúde). Se necessário, faremos ainda representação junto à Corte de Contas", informou a senadora.
Eliziane Gama pontuou, ainda, que está sendo apurada na comissão a ligação entre a empresa e a Precisa Medicamentos, também alvo da CPI. Esta última atua como representante do laboratório indiano Bharat Biotech, produtor da vacina contra covid-19 Covaxin. "Recebemos denúncia de possível lavagem de dinheiro nas duas empresas. As investigações, até agora, levam a crer que os contratos das duas se comunicam de alguma forma", disse a senadora pelas redes sociais.
Senadores apontam que a empresa brasileira Precisa agiu como intermediária e suspeitam da negociação que gerou a assinatura de um contrato de R$ 1,6 bilhão para compra de 20 milhões de imunizantes. O contrato foi suspenso após polêmica na comissão, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já descartou a necessidade de incluir os imunizantes no Plano Nacional de Imunização (PNI).
Como publicado no Correio, a VTCLog é um dos focos da CPI atualmente, principalmente os aditivos e renovações dos contratos. Senadores apontam possível relação da empresa com figuras do Centrão, além de suspeitas de que haveria pagamentos de propinas mensais a parlamentares e servidores oriundos dos contratos da empresa com o governo. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse nesta semana acreditar que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias seria o grande operador do esquema.
Já a suposta relação entre a VTCLog e a Precisa se dá pelo fato de que documentos oriundos de quebras de sigilo desta última mostraram repasses da Precisa à VTCLog. “Eu acho que a VTCLog vem abrir um capítulo novo na CPI. Porque o contrato é muito grande, tem relação com a Precisa (Medicamentos). Então, é um capítulo novo”, disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao Correio na semana passada.
A VTCLog atua junto ao Ministério da Saúde pelo menos desde 2009, segundo informações do Portal da Transparência do governo federal, com contratos firmados recentemente; ao menos dois estão vigentes.
Em nota enviada na semana passada, a empresa afirmou que “na qualidade de operador logístico de armazenagem e distribuição de fármacos, possui relação comercial com a Precisa, assim como toda a indústria farmacêutica — pela natureza do atendimento”. A empresa enviou a relação de todos os pagamentos já feitos à Precisa, e ressaltou que não possui relações políticas, “agindo apenas em conformidade com a legislação em vigor na prestação de serviços à administração pública”.