O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou irregularidades no processo de negociação da Covaxin, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode ter gravado a conversa que teve com ele e com seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda.
“Eu tenho colegas parlamentares que afirmaram que escutaram algo que ocorreu lá dentro, deram detalhes que só eu saberia. Eu cheguei até a pensar se não foi o próprio presidente que gravou por segurança, porque foram pessoas da própria base dele que relataram os detalhes da reunião”, disse, em entrevista ao portal UOL.
O deputado disse, em diversas ocasiões, que poderia provar suas falas sobre o encontro com Bolsonaro, em março deste ano, quando o presidente teria dito que procuraria a Polícia Federal para investigar as denúncias e teria citado o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) na conversa.
Mas Miranda negou que tenha gravado a conversa ou ouvido qualquer gravação da conversa posteriormente. “Eu nunca falei que a gravação existia. A imprensa deu a entender que, com a minha convicção do que estou falando, só poderia ter uma gravação. Quando eu falo que eu tenho condição de provar que chegamos ao presidente e que eu teria como provar tudo que foi dito ali eu provo, todo mundo subendendeu que teria uma gravação. Isso nunca saiu da minha boca”, afirmou.
“Eu não gravei o presidente. O que eu não posso afirmar é que tem (a gravação). Segundo o meu irmão, ele não foi perguntado de gravação. Então eu reforcei: você tem a gravação? Você gravou alguma coisa do presidente? E a primeira vez ele foi enfático comigo dizendo ‘eu não gravei ninguém, não tenho gravação, não quero saber desse assunto, quero ir embora desse país’. Ele virou uma testemunha que se tivesse, ele sempre ia dizer que não tem. Ele estava muito firme, muito duro nas posições, até que começou a ser ameaçado, depois recuou”, disse Miranda.
Depoimento adiado
O depoimento de Luis Miranda à Polícia Federal estava marcado para esta terça-feira (20), mas foi adiado. Ele justificou que procurou o delegado responsável pela investigação para pedir um adiamento, já que o Congresso Nacional está em recesso parlamentar e ele gostaria de acompanhar a filha, que é automobilista, em um campeonato de Kart no Paraná.
“Pedi gentilmente que fosse remarcado (o depoimento). Está para a próxima semana. O que falei é público, falta colocar no papel”, disse ele, que justificou que sua família é mais importante que Bolsonaro e que o adiamento, segundo teria dito o delegado, não prejudicaria as investigações.
“Minha família está acima de tudo, de Jair Bolsonaro e de qualquer um. Tendo condições legais, não afetando a investigação, vou priorizar minha família”, disse.