O ensaio do discurso para 2022
Os petistas buscam toda a memória dos programas sociais de suas administrações para tentar alavancar uma candidatura de Lula. Jair Bolsonaro apostará no novo Bolsa Família como alicerce para a reeleição. A aposta do PT é a de que, diante da tragédia da fome que assola milhões de brasileiros desempregados, das escolas públicas com dificuldades por causa da ausência de internet e computadores acessíveis a todos e, de quebra, de um sistema de saúde que não consegue atender de forma adequada, as questões sociais terão apelo nas urnas, tal e qual 2002, quando Lula venceu.
Portanto, na avaliação de muitos, será diferente de 2018, quando o combate à corrupção e a segurança pública predominaram, e 1994, quando a economia do Plano Real se sobressaiu sobre os demais. A chamada "terceira via" tentará acoplar todos esses quesitos que fizeram bonito em eleições anteriores para tentar dizer que o PT poderia até ter feito mais, não fossem os malfeitos descobertos na Petrobras. Lula à parte, o fato é que roubo houve, ao ponto de diretores da estatal devolverem dinheiro aos cofres públicos.
Pazuello que se defenda...
O governo voltou duas casas em relação à CPI da Pandemia. Se a ordem até aqui era partir para cima dos senadores que compõem o colegiado, a onda do recesso caminha no sentido de manter o silêncio, a fim de esperar o que vem da documentação que os senadores vão se debruçar nesse período. Até aqui, não houve uma declaração em favor do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
...e se prepare
O ex-ministro entendeu o recado e foi por isso que, ainda na noite de sexta-feira, saiu a campo para negar que tivesse acertado compra de lotes da Coronovac e que apenas recebeu os empresários para cumprimentá-los, quando foi gravado o tal vídeo a pedido da assessoria. Nada disso, porém, tira o ex-ministro da linha de tiro da CPI. E, nessa empreitada, estará sozinho.
O que interessa ao governo
O Planalto só vai entrar nessa história para dizer com todas as letras que não houve nada errado, porque não comprou vacinas via intermediários. Se houve negociações suspeitas que ficaram pelo caminho, quem as fez que responda por elas.
Confiança, um ativo em falta
Empresas estrangeiras começam a colocar executivos menos experientes por aqui. Sinal de que o país pode servir como "estágio" e não é tão estratégico assim do ponto de vista de negócios.
Longo inverno
Com a política nebulosa, muitos empresários acreditam que o momento é de esperar dias melhores, que só virão depois da eleição de 2022. Quem vencer, acreditam alguns investidores, terá mais credibilidade para levar um projeto de governo adiante. No momento, acreditam que o Planalto terá problemas para empreender reformas.
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"Neste momento em que o mundo vive tantas crises, não podemos aceitar mais uma, tão danosa quanto a da covid-19, a covid da democracia. A primeira ameaça a vida, e a segunda, a liberdade. Valha-nos Deus”
Do ex-presidente José Sarney, em artigo deste fim de semana
Kássio influencer/ A ascensão de Kássio Nunes Marques ao STF tem provocado efeitos colaterais no seu estado, o Piauí. Os adversários dizem que ele está monopolizando todos os espaços no Judiciário local e instituições ligadas ao Direito. Advogados ligados a ele disputam a presidência da OAB, duas vagas no Tribunal de Justiça do Piauí e outra no Tribunal Regional do Trabalho. O nome de Kássio para desembargador do TJ é José Wilson, mas tudo indica que haverá disputa.
E o Moro, hein?/ A maioria da classe política não acredita que Sérgio Moro vá deixar a vida nos Estados Unidos para concorrer à Presidência da República. Ele é visto como alguém de movimentos erráticos em relação à política e, se tinha essa pretensão, não deveria jamais ter sido ministro de Jair Bolsonaro.
Governo no estaleiro/ Além de Bolsonaro, quem está no hospital é o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Ele passou mal e os exames diagnosticaram uma obstrução arterial. Passou por uma cirurgia para colocação de stent e deve ter alta em breve.