Senado

Representante da Davati diz que tentou devolver dinheiro do auxílio

Cristiano Carvalho depõe à CPI da Pandemia nesta quinta e, entre outras explicações, disse que recebeu o benefício após ser cadastrado por uma colega

Representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho depõe nesta quinta-feira (15/7) à CPI da Pandemia no Senado. Logo no início da oitiva, ele confirmou que recebeu R$ 4,2 mil entre abril e dezembro de 2020 em valores depositados pela União como beneficiário do auxílio emergencial.

Depois de explicar que não tem vínculo empregatício ou qualquer contrato formal com a empresa norte-americana, Carvalho falou que passou por dificuldades financeiras devido à pandemia. “Uma colega minha de dia a dia entrou no site e me inscreveu no programa de rendimento porque ela viu que eu estava passando dificuldade para pagar as contas naquele momento. E aí eu passei a receber”, assumiu.

Segundo o próprio depoente, ele tentou devolver o dinheiro à Fazenda, mas ainda não conseguiu. “Desde então, já mandei até um e-mail acho que para a ouvidoria do Ministério da Fazenda, uma coisa assim, pedindo para onde eu deveria fazer o estorno”, argumentou.

O interrogatório continua no Senado e, após detalhar como ocorreram as reuniões com os representantes do governo, o depoente voltou a falar do auxílio. “No momento eu precisava, não me orgulho disso. Mas vou retificar, fui eu mesmo que fiz o cadastro”, respondeu ao ser questionado questionado pelo senador Marcos Rogério (DEM/RO). Houve um princípio de confusão, com o senador insinuando que a retificação seria crime flagrante, mas tudo foi contornado pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD/AM).

Comissionamento

Carvalho depõe na CPI porque participou das negociações entre o Ministério da Saúde e o policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti para compra de 400 mil doses de vacinas do laboratório AstraZeneca, com o intermédio da Davati. Ele confirmou que as “tratativas” avançaram com o governo federal e com o governo de Minas, além de um consórcio de prefeituras das quais não se recorda.

Na quarta-feira (15/7), o vendedor afirmou que o intermediário do contato com o Ministério da Saúde solicitou ‘comissionamento’ pela negociação dos imunizantes com a Davati. Segundo ele, isso não seria um pedido de propina, mas achou o pedido de “tão mau gosto, por se tratar de vidas das pessoas”, que sequer levou o assunto em consideração. A declaração foi reiterada nesta quinta durante o interrogatório no Senado.

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