Após o presidente Jair Bolsonaro depreciar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e as Forças Armadas emitirem uma nota repudiando "ataque leviano", o relator dos trabalhos, senador Renan Calheiros (MDB-AL) cobrou apoio à comissão dos presidentes do Senado e da Câmara Federal. O apelo foi feito durante sessão desta sexta-feira (9/7).
"Nós estamos apenas aqui cumprindo um mandamento do povo brasileiro, que quer verdadeiramente saber o que aconteceu e o que poderia ter sido feito para evitar, pelo menos, uma quantidade muito grande (de mortes)", disse Calheiros.
Para embasar a necessidade de unir forças em meio às investigações, Calheiros citou uma pesquisa da XP/Ipespe, divulgada na quinta-feira (8/7). Ela revela que índices positivos em relação à comissão, com aprovação de 63% e conhecimento dos trabalhos por parte de 78% dos entrevistados. "Isso é um índice jamais alcançado na história do Parlamento nacional", observou.
"Eu digo isso e falo dos números superlativos de aprovação da Comissão Parlamentar de Inquérito para mostrar que, lamentavelmente, isso ocorre no momento em que a percepção negativa do Congresso Nacional cresce e vai a 49%", compara o relator. Segundo ele, o objetivo da análise não é fazer desdenha, mas um "apelo ao Presidente da Câmara dos Deputados, que não tem perdido oportunidade para falar mal da Comissão Parlamentar de Inquérito, a exemplo do Presidente da República, e fazer um apelo ao Presidente do Senado Federal para que definitivamente apoie os trabalhos, o aprofundamento da investigação, que nós vamos adiante".
Além da reivindicação por colaboração dos líderes das Casas, Calheiros fez questão de responder à nota emitida pelo Ministério da Defesa e com assinatura dos comandantes das Forças Armadas. Nela, o ministro Braga Netto afirma que "as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro". A nota foi emitida após um comentário do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) acusando “membros do lado podre das Forças Armadas” de estarem “envolvidos com falcatrua dentro do governo”. Ele se referia às suspeitas de irregularidades envolvendo os egressos da caserna nas negociações de compra de vacinas contra a covid-19.
Calheiros pacificou o embate esclarecendo que os membros da CPI não vão investigar instituição militar. "Nós temos responsabilidade institucional", justificou, mas garantindo que membros das Forças que estejam envolvidos em esquemas de corrupção não ficarão de fora da mira da CPI. "Agora, nós vamos, sim, investigar o que aconteceu nos porões do Ministério da Saúde. E, à medida que esses fatos forem sendo conhecidos e essas provas foram sendo apresentadas, nós vamos cobrar a punição dos seus responsáveis, sejam eles civis, sejam eles militares."