O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), fez uma "mea culpa" sobre a prisão do ex-diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde Roberto Dias, determinada pelo senador por suposto perjúrio cometido pelo depoente durante oitiva na CPI. “Eu posso até ter me excedido, mas no caso específico dele, você vai pegando depoimento das pessoas e chega um momento que eu acho que você tem que tomar decisões”, disse.
Aziz, contudo, pontuou que as evidências de que Dias teria mentido na comissão eram muito claras. “Acho que as evidências em relação ao perjúrio do senhor Roberto Dias eram muito evidentes, tanto para a gente da CPI quanto para as pessoas que estão acompanhando a CPI”, disse.
Roberto Dias foi convocado à comissão depois que o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) Luiz Paulo Dominghetti, que seria um vendedor de vacinas autônomo da empresa Davati Medical Supply, disse que, ao tentar vender 400 milhões de doses da vacina contra covid-19 AstraZeneca a Dias, recebeu um pedido de propina de US$1 por dose de imunizante. O pedido de propina, negado pelo ex-diretor, teria ocorrido em um shopping em Brasília.
Dominghetti disse que o encontro foi agendado, mas Dias afirmou que foi “incidental”; que ele estava no local tomando um chope com um amigo, e que o cabo chegou acompanhado por Marcelo Blanco, que era assessor do DLOG até janeiro deste ano e também tinha a função de diretor substituto do departamento, acompanhado de Dominghetti. Inicialmente, Dias não soube explicar a coincidência do encontro. No decorrer do depoimento, afirmou que talvez possa ter dito a Blanco que estaria no local, e que por isso o tenente-coronel saberia onde ele estava.
Aziz frisou que quando lhe cobraram a prisão do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, ele se negou. “Foi uma das pessoas que trouxe a maior contribuição à CPI até hoje”, disse. O presidente da comissão refere-se à informação sobre uma carta enviada pela Pfizer a diversas autoridades brasileiras, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, que ficou dois meses sem resposta.
As coincidências do encontro “incidental” levantaram suspeitas dos senadores, uma vez que Dominghetti estava hospedado em um hotel em frente ao referido shopping. A questão principal ao pedir a prisão é a existência de um áudio de Dominghetti no qual dois dias antes, no dia 23 de fevereiro, ele diz que irá se reunir com Dias na quinta-feira, dia 25.
“A compra vai acontecer. Está na fase burocrática. Em off, quem vai assinar é o Dias mesmo, só para você saber, tá? Caiu no colo do Dias e a gente já se falou e quinta-feira temos uma reunião para finalizar com o ministério”, afirmou Dominghetti no áudio, que foi mostrado na CPI depois que Aziz determinou que Dias seria preso.
“Eu não posso passar o dia todo fazendo um apelo para que se contribua com a CPI, sabendo que essa pessoa disse desde o início que foi uma coincidência, quando os áudios que nós tínhamos provava o contrário”, disse Aziz nesta quinta-feira (8).