Dados da pesquisa Ipespe encomendada pela XP Investimentos, divulgados nesta quinta-feira (8/7), mostram que a avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro voltou a crescer, atingindo 52% no início de julho. A tendência de piora já vinha sendo registrada nas últimas 11 rodadas do levantamento, que acompanha as avaliações do governo mensalmente, desde o início do mandato.
Desde outubro, quando atingiu seu menor patamar recente, o grupo dos que consideram o governo ruim ou péssimo passou de 31% para os 52% capturados pelo levantamento atual — o maior nível desde o início do governo. No mesmo período, os que avaliam o governo como bom ou ótimo saíram de 39% para 25%.
Percepção sobre corrupção aumenta
Sobre o governo estar sob suspeitas em negociações para a compra de vacinas, a percepção de que o noticiário é negativo para o presidente segue em alta e atingiu 60% — indicador que mantém correlação com a avaliação do governo.
Em relação às suspeitas de desvios, 81% dizem ter tomado conhecimento e elas são consideradas provavelmente verdadeiras por 63%. Para 41% há envolvimento de membros do governo e para 15%, de Jair Bolsonaro. Outros 28% avaliam que há envolvimento tanto de integrantes do governo quanto de Bolsonaro.
Impeachment divide a população
Sobre um pedido de impeachment do presidente, há divisão da população: 49% dizem ser favoráveis e 45% são contrários — há cinco meses, os favoráveis eram 46% e os contrários, 47%.
Os pesquisadores também perguntam se o entrevistado aprova ou desaprova o governo, sem oferecer opção intermediária equivalente ao regular. A desaprovação alcançou 60%, outro recorde na série. A aprovação é de 34%.
Outros indicadores vão na contramão da piora na imagem do governo, como a melhora na percepção sobre o caminho da economia (a avaliação de que ela está no caminho certo oscilou de 29% para 30%) e o medo sobre a pandemia de coronavírus (caíram de 45% para 38% os que dizem estar com muito medo).
Eleições: Lula na frente
A rodada de julho da pesquisa XP/Ipespe mostra que, a 15 meses da eleição presidencial, o ex-presidente Lula manteve a trajetória de crescimento e atingiu 38% das intenções de voto, contra 26% de Jair Bolsonaro — a distância, que era de 4 pontos percentuais (p.p), em junho, passou para 12 p.p. Na sequência, aparecem Ciro Gomes (10%), Sérgio Moro (9%), Luiz Mandetta (3%), João Doria (2%) e Guilherme Boulos (2%).
Num cenário em que Doria é substituído por Eduardo Leite, do mesmo partido, o governador do Rio Grande do Sul vai a 4%. Nesse mesmo cenário, Moro é substituído por Datena, que alcança pontuação de 4%. A liderança permanece com o ex-presidente Lula, com 35% — 8 pontos à frente de Bolsonaro, que tem 27%.
No cenário espontâneo, em que não são apresentados os candidatos, Lula e Bolsonaro são os mais mencionados. O ex-presidente oscilou 1 p.p. em relação a junho, e tem 25%. O atual mandatário recuou 2 p.p., e aparece com 22%.
Em simulações de segundo turno, Lula amplia a vantagem sobre Bolsonaro e atinge 49%, contra 35% do atual presidente.
O levantamento foi feito entre os dias 7 e 10 deste mês e tem margem de erro de 3,2 pontos. O Ipespe fez 1.000 entrevistas telefônicas por meio de operadores devidamente treinados.
*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo