O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), enfatizou, ontem, não haver motivo para colocar em análise um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo com as recentes denúncias envolvendo o chefe do Executivo na compra da vacina Covaxin e em esquemas de “rachadinha”, o parlamentar avalia que “neste momento, não há nenhum fato novo que justifique e que tenha alguma ligação direta com o presidente da República”. “A não ser o fato de algum parlamentar ter dito que entregou um documento, que não justifica”, acrescentou.
“Não podemos institucionalizar impeachment no Brasil, temos de aprender a discutir esses assuntos com muita seriedade”, declarou Lira à Rádio Jovem Pan. Para ele, o país “não pode ser instabilizado politicamente a cada presidente que é eleito”. Segundo ele, a abertura de um processo, neste momento, “desestabilizaria a economia e pararia o Brasil”.
Diante das declarações de Lira, movimentos de direita, que organizaram manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, anunciaram, ontem, que vão convocar protestos para pressionar Lira a colocar em avaliação o impedimento de Bolsonaro. A data ainda não foi definida, mas a orientação é de que os participantes não usem bandeiras vermelhas e faixas de movimentos de esquerda e não incentivem a violência. A ideia é atrair o público que quer o afastamento do presidente, mas que não deseja dividir as ruas com militantes de esquerda.
Foi o que explicou o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre. “Acho que com o MBL e o Vem Pra Rua convocando, esse público se sente confortável em ir às ruas. As bandeiras vermelhas, faixas de Lula Livre e outras similares incomodam e dão tom de antecipação de campanha”, argumentou. “Discursos contra reformas e privatização também não agregam.”
Já o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara e que também assinou o superpedido, acredita que o impeachment se tornou essencial para a superação da crise do novo coronavírus. “Já está claro para o povo brasileiro que o impeachment é indispensável para salvar vidas e permitir que o país retome a normalidade”, destacou. “Foi o que mostraram as últimas manifestações: à medida que as pessoas estão sendo vacinadas, estão ocupando as ruas contra Bolsonaro. É uma questão de tempo até que a situação dele se torne insustentável, e o impeachment avance, inevitavelmente, no Congresso”, pontuou.
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Outdoors
Para pressionar Lira, movimentos inauguraram, ontem, outdoors em que acusam o parlamentar de ser cúmplice do presidente, e corresponsável pelas mais de 500 mil mortes na pandemia. Os locais escolhidos estão em Arapiraca, no interior de Alagoas, município onde o deputado teve mais votos para a sua reeleição na eleição passada.
“A ideia é ser uma forma de pressão. A gente percebeu que o Arthur Lira tem tratado com desdém a questão do impeachment e a própria atuação da CPI e, por conta disso, entendemos que uma forma de pressioná-lo seria atacar onde mais dói, que é justamente a base eleitoral dele”, explicou Erick Santos, diretor do Movimento Acredito, um dos organizadores da campanha “Super Impeachment”.
Santos conta que o movimento pretende expandir a iniciativa dos outdoors e está planejando lançar um financiamento coletivo para viabilizar a instalação de novos outdoors em Alagoas. O grupo já inaugurou cerca de 40 painéis em outros locais do país com mensagens contra Bolsonaro. (Com Agência Estado)