A bancada do Psol protocolou, nesta quinta-feira (1º/7), uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar contra o líder do governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP/PR). De acordo com o documento apresentado pelos parlamentares, Barros “desonrou o cargo para o qual foi eleito, abusando das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e irregularidades”.
O pedido, que exige a cassação do mandato do parlamentar, já era anunciado pelo deputado Ivan Valente (Psol/SP) desde o dia posterior ao depoimento de Luis Miranda (DEM/DF) na CPI da Covid-19, no Senado. O demista apontou Barros como responsável por um suposto esquema de corrupção envolvendo a negociação da vacina indiana Covaxin. O parlamentar nega. Segundo Luis Miranda, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que o esquema no ministério seria responsabilidade de Ricardo Barros.
Ivan Valente ressalta que Barros está envolvido em ao menos "três acusações gravíssimas de corrupção, envolvendo a compra da vacina Covaxin e a AstraZeneca", apontou. "É para cassação de mandato no Conselho de Ética que entramos".
"Governo na roda"
Segundo Valente, "Ricardo Barros tem uma rede de conexão dentro do Ministério da Saúde, que mais parece que ele continua sendo o ministro da pasta. Bolsonaro até agora não desmentiu", sustentou, ressaltando que Barros é líder do governo e, portanto, uma figura chave de proximidade do Planalto. "Toda essa ligação com a Precisa (representante da Covaxin no Brasil) e a relação com Francisco Maximiano (sócio da empresa) vai aparecer. E colocando o líder do governo na roda, você coloca o governo na roda", avalia o Psolista.
A representação também foi assinada por parlamentares de outros partidos, como Túlio Gadêlha (PDT/PE) e Joenia Wapichana (Rede/RR). “A CPI tem mostrado várias transações suspeitas na aquisição de vacinas com valores superfaturados, além da participação de agentes públicos nesses esquemas. O deputado Ricardo Barros é um deles que precisa ser investigado e, caso seja comprovado a responsabilização nessas irregularidades, deverá ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Casa”, afirmou Túlio Gadêlha.
O Conselho de Ética decidirá em votação se aceita o pedido para abertura de processo contra Ricardo Barros, por quebra de decoro parlamentar, ou se arquiva a representação.
*Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza