Pandemia

CPI avalia apreender passaporte ou pedir a prisão de sócio da Precisa

Francisco Maximiano já teve o depoimento desmarcado duas vezes. A oitiva estava prevista para quarta-feira, mas o executivo viajou para a Índia no último domingo. Comissão quer evitar que ele não compareça em nova oitiva

Sarah Teófilo
postado em 30/07/2021 19:02
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado, discute quais medidas pode tomar em relação ao sócio-administrador da Precisa Medicamentos, empresa alvo da comissão, Francisco Maximiano. O depoimento do empresário já foi desmarcado duas vezes, sendo uma delas a pedido dele. A oitiva estava prevista para a próxima quarta-feira (4), mas Maximiano viajou para a Índia no último domingo (25), o que inviabiliza a sua presença na CPI, mesmo que ele retornasse antes — isso porque é preciso cumprir um prazo de quarentena após chegar do país.

Uma das possibilidades avaliadas é apreender o passaporte de Maximiano assim que ele retornar da Índia, ou mesmo pedir a prisão preventiva do executivo. A possibilidade de prisão já havia sido mencionada na última quinta-feira (29) pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e foi repetida nesta sexta-feira pelo senador Humberto Costa (PT-PE), um dos mais ativos integrantes da comissão.

O petista pontuou que a ida de Maximiano à Índia preocupa muito, por avaliar ser provável que ele está no país para estabelecer um entendimento com o laboratório Bharat Biotech, produtor da vacina Covaxin. As duas empresas tinham um acordo para venda dos imunizantes ao governo brasileiro, mas o termo foi cancelado na última semana pela Bharat em meio aos escândalos envolvendo a Precisa. Em seguida, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou estudos clínicos e o pedido de importação dos imunizantes, e o Ministério da Saúde anunciou a revogação do contrato.

“Até o momento em que as denúncias começaram a atingir na Índia, ela (Bharat) não estava se manifestando para questionar a legitimidade da Precisa como sua representante. A partir do momento que isso passou a ter repercussão, eles terminaram dizendo que os documentos não eram verdadeiros. Eu acredito que a saída do Maximiano lá seja para combinar uma versão com a Bharat para poder enfrentar essas denúncias no Brasil. Isso é grave”, disse Humberto Costa. Ele acredita que o empresário também viajou ao país para evitar a CPI.

Ao anunciar o fim do acordo com a Precisa, a Bharat alegou que não reconhece dois documentos com assinatura e carimbo da empresa entregues pela Precisa ao Ministério da Saúde. A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu, em auditoria, que há irregularidades nos dois documentos. Um conteúdo foi colado em um papel com as informações da Bharat. A Precisa, por sua vez, informa que contratou uma perícia técnica. A análise mostrou, segundo a Precisa, que a autora daqueles documentos é a empresa Envixia, parceira da Bharat.

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