A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu um inquérito civil para apurar suspeita de corrupção envolvendo uma negociação para aquisição de vacinas contra covid-19 pelo Ministério da Saúde. O inquérito foi aberto após denúncia do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) Luiz Paulo Dominghetti de que quando tentou negociar a venda de vacinas ao governo federal, recebeu um pedido de propina de US$1 por dose de imunizante do ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias, exonerado após escândalo.
Dominghetti relatou questão à Folha de S. Paulo e depois em depoimento á Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado. O cabo é apontado como vendedor autônomo de vacinas pela empresa americana Davati Medical Supply, que dizia ter 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca para serem vendidas ao governo brasileiro, apesar de a fabricante ter informado que não negocia com governos por meio de intermediários.
O suposto pedido de propina teria ocorrido em um shopping em Brasília. Roberto Dias nega. O representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, também prestou depoimento à CPI, ocasião em que confirmou, após muita pressão dos senadores, que Dominghetti havia relatado pedido de propina, mas disse que valores não foram citados. Cristiano também disse que aguardava a informação da empresa sobre se ela possuía ou não 400 milhões de doses a serem vendidas.
A situação está sendo apurada com profundidade pela CPI, que suspeita que havia dois grupos dentro do ministério que disputavam a negociação de vacinas. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse acreditar que Roberto Dias era o operador do esquema, mas que ainda é preciso identificar para quem ele operava.
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