O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), chamou de “ação ilegal” o suposto envio de perguntas a senadores governistas por parte da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida Capitã Cloroquina. As perguntas, segundo Mayra, seriam feitas a ela durante o depoimento prestado à comissão. Esta informação veio à tona depois que vídeo obtido pela comissão, divulgado pelo Jornal Nacional na última quarta-feira (21), mostrou Mayra conversando com uma pessoa que a ajudava a se preparar para a oitiva.
“A gente tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho, e esse grupo precisa fazer perguntas, no direito que eles têm de interrogarem o depoente, que nos ajudem no nosso discurso. Então que perguntas eu posso dar pra esses senadores fazerem a mim, entendeu? Eles chutam pra eu fazer o gol”, disse ela, no vídeo. A secretária afirmou que são cinco senadores. “Vão jogar com a gente. Então eu preciso dar perguntas a eles pra eles me interrogarem cuja resposta seja a oportunidade de eu falar”, afirmou.
“Como é que você vai fazer uma interlocução com uma pessoa que vai ser ouvida como testemunha? Como pode um negócio desse? Você é testemunha do crime, você vai falar com o possível defensor do assassino antes de depor? Não dá, isso aí ficou ruim para ela, e acho que quem tem que tomar satisfação em relação a isso são os possíveis senadores que receberam essas perguntas já prontas”, disse o senador ao Correio.
Aziz ainda disse que “se trata de uma ação ilegal”. “Como você vai mandar para o juiz as perguntas? Porque ali nós somos juízes. Como a depoente vai mandar as perguntas para o juiz? ‘Olha, juiz, me pergunta isso aqui’. Como é isso? Você é ouvido por um juiz, aí pede para o seu advogado preparar perguntas para entregar para o juiz para ele fazer e você responder. Isso é ilegal, é crime. A depoente que está ali como testemunha já sabe quais são as perguntas que o juiz vai perguntar para ela? Como que é isso?”, questionou.
No vídeo, Mayra não fala o nome dos senadores. Mas na CPI, existe uma tropa de choque do governo formada pelos titulares Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). Como suplentes, há ainda Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado, e Luis Carlos Heinze (PP-RS), somando cinco senadores. Há ainda o titular Eduardo Girão (Podemos-CE) e. Marcos do Val (Podemos-ES), que se intitulam independentes, mas também têm postura favorável ao governo.
Mayra foi a Manaus dias antes de o sistema de saúde local entrar em colapso, no começo do ano, e pessoas morrerem por asfixia dentro dos hospitais por falta de cilindros de oxigênio. Na ocasião, ela e o então ministro general Eduardo Pazuello lançaram o aplicativo “TrateCov”, que indicava o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina, em caso de sintomas da covid-19. Aziz afirma que o governo usou o estado do Amazonas como cobaia e diz que Capitã Cloroquina será indiciada por crime contra a vida por propagar medicação não eficiente.
Saiba Mais
- Política Luís Miranda reage a investigação da PF: "Tentativa de me intimidar"
- Política Bolsonaro: "O G7 da CPI quer a volta da impunidade e da corrupção no Brasil"
- Política Citado na CPI, coronel Guerra diz que é amigo de CEO da Davati
- Política Senadora pede que TCU priorize análise de contrato de empresa de logística
- Política Com Ciro Nogueira na Casa Civil, Heinze assume cadeira na CPI como titular
- Política Omar Aziz diz que ida de Ciro à Casa Civil não muda em nada trabalhos da CPI
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.