Portas abertas

Correio Braziliense
postado em 18/07/2021 06:00

A apuração sobre suspeitas em relação à negociação de vacinas continua. As informações levadas sobre a Covaxin e a Davati abriram um flanco ainda a ser explorado pelos senadores, que apontam que o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e o presidente da República se recusaram a tratar diretamente com fabricantes de vacinas, negaram imunizantes a preços mais baixos, mas abriram as portas para atravessadoras que cobravam mais caro. No caso Davati, também é citada a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, que atuou com o Instituto Força Brasil na tentativa de venda de imunizantes da empresa americana.

Em nota, o instituto já informou que apoia iniciativas que “tenham por objeto promover ações relacionadas à Saúde” e que não tem relação comercial ou de cooperação com a Davati. “Tratamos assuntos relacionados à vacinação com a Secretaria Executiva, principalmente no sentido de aperfeiçoar a legislação que facilitava a vacinação por empresas privadas, com vistas a acelerar a imunização da classe trabalhadora e liberá-las à produção”, explicou.

Novas oitivas
Além da nova frente sobre o Instituto Força Brasil e o financiamento e disseminação de notícias falsas, novos temas podem surgir com a análise de documentos que a comissão já reuniu de 27 de abril até agora. Apesar de não haver agenda elaborada, estão na lista para depor o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiniano. A empresa é representante do laboratório Bharat Biotech no Brasil, que é alvo da CPI no caso Covaxin. Os senadores falam em reconvocar o ex-secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco. A senadora Simone Tebet (MDB-MT), que, apesar de não ser membro da comissão, tem atuado de forma significativa, destaca que o intervalo será importante. “Nós precisávamos desse recesso. Documentos vão trazer novos elementos”, diz, ressaltando que “é hora de olhar a documentação que chegou”.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro, Marcos Rogério (DEM-RO) destaca que irá insistir na investigação sobre os estados. Ele não acredita, porém, que o foco da CPI vá mudar. “Eu quero investigar tudo, independentemente se é Ministério da Saúde, estado ou municípios. Mas o grupo majoritário não quer”. Para o senador, não haverá fôlego para se manter no caso das vacinas por mais três meses. “Acho que se a CPI continuar como está hoje, onde o grupo que comanda tem foco no governo federal, ela não terá assunto para se postergar por mais 90 dias. Vai ficar repetitivo”, diz.

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