CPI da Covid

No recesso, senadores investigarão hospitais federais do Rio

Instituições foram citadas no depoimento do ex-governador Wilson Witzel, que disse ter sido sabotado pelo governo federal. Presidente da comissão, senador Omar Aziz, pediu reforço no corpo de peritos para análise dos dados coletados

Luiz Calcagno
 Sarah Teófilo
postado em 16/07/2021 23:18 / atualizado em 16/07/2021 23:19
 (crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado)
(crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Durante o recesso, que deve durar até 2 de agosto, a CPI da Covid trabalhará com análise dos documentos requeridos e informações adquiridas em quebras de sigilos bancários, fiscais e telemáticos de investigados. Também entrarão na lista as Organizações Sociais (OSs) que cuidam de unidades de pronto-atendimento (UPAs) e outros estabelecimentos de saúde no Rio de Janeiro — tais como os hospitais federais que, de acordo com o depoimento à CPI do ex-governador Wilson Witzel, não foram disponibilizados para auxílio no combate à pandemia.

Sem falar em números, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) confirmou ao Correio que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu um reforço no grupo de peritos para o colegiado, que inclui policiais federais e auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar mais informações sobre esses hospitais.

“A CPI vai investigar toda a lista citada (por Witzel)”, garantiu. No período do recesso, Omar, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), continuarão vindo a Brasília.

Na CPI, Witzel afirmou aos senadores, privadamente, que o dono dos hospitais seria o filho do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Há a aprovação de um requerimento para que o ex-governador seja novamente ouvido, mas, dessa vez, secretamente, e não pelo colegiado. “Não está marcado. Carece resolvermos com o Omar. Eu, Omar e Renan vamos funcionar como uma comissão representativa nessas duas semanas de recesso. Vamos ter que manter uma atividade. A comissão representativa só pode existir no Congresso. Mas, para continuar as ações de investigação da CPI, nós vamos atuar como uma”, afirmou Randolfe.

Impeachment

Witzel sofreu impeachment após a Operação Placebo, da Polícia Federal, que investigou desvios na saúde pública no Rio de Janeiro durante a pandemia. O ex-juiz e ex-governador se diz vítima de perseguição política. Ele afirmou que buscou a possibilidade de ampliar a oferta de leitos na iniciativa privada, durante a pandemia, mas não havia essa disponibilidade.

“Também não havia leitos no SUS. E, em razão disso, nós pedimos os leitos dos hospitais federais. São mais de 600 leitos e não foram disponibilizados. E nós teríamos que fazer os hospitais de campanha”, relatou.

Witzel voltou a falar que insistiu junto ao governo federal pelas vagas nos estabelecimentos federais de saúde. “Pedi ao presidente que me entregasse os hospitais federais, obviamente junto com a verba, para que eu pudesse administrar”, ressaltou.

E completou: “Eu queria construir 1,5 mil leitos de hospitais da campanha, que foram sabotados. Então, a conclusão a que chego é que não me deram os leitos e ainda sabotaram os hospitais de campanha exatamente para criar o caos”, afirmou.

Ainda segundo Witzel, ele pediu os leitos ao então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e ao presidente Jair Bolsonaro, mas sem sucesso.

 

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