CPI da Covid

Documento do governo com preço da Covaxin é mentiroso, diz diretora da Precisa

Emanuela Medrades afirma a senadores, durante sessão da CPI da Covid, que a memória do Ministério da Saúde, mostrando vacina contra coronavírus a US$ 10, está errado, e que preço seria de US$ 15 desde 12 de janeiro

Luiz Calcagno
postado em 14/07/2021 11:32 / atualizado em 14/07/2021 11:37
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

A diretora executiva da Precisa Medicamentos, a farmacêutica Emanuela Medrades, afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, na manhã desta quarta-feira (14/7), que o documento do Ministério da Saúde sobre reunião com a empresa é mentiroso. A reunião ocorreu em 20 de novembro de 2020, e no documento havia o registro de oferta da vacina Covaxin, da Bharat Biotech, a US$ 10. Depois, o imunizante foi acordado a US$ 15, sendo o mais caro acertado com o governo federal e com indícios de superfaturamento. A Precisa se apresenta como representante da Bharat no Brasil.

Emanuela Medrades afirmou, textualmente, que o valor não era o apresentado pelo documento oficial do Ministério da Saúde, mas uma expectativa. “Salvo a parte do preço, que foi uma expectativa, confirmo tudo que o documento diz”, afirmou. Ela também disse que tentou reduzir o valor do produto, que teria sido ofertado a US$ 15 desde 12 de janeiro, e teria pedido à empresa que custasse menos de US$ 10. O documento foi divulgado nas redes sociais pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Ele  e o irmão, o servidor público do ministério Luis Ricardo Miranda, denunciaram à CPI um esquema de superfaturamento na compra da Covaxin, que seria pago a uma offshore em Cingapura.

O acordo pelo preço 50% mais caro foi firmado em 28 de fevereiro. Mas, no encontro, em 20 de novembro, os representantes apresentaram o valor mais barato. Além de representantes da Bharat da Índia, participaram da reunião diversos investigados pela CPI da Covid. Dentre eles, estavam o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, o coronel Antônio Elcio Franco Filho, a então coordenadora geral do Plano Nacional de imunização Franciele Fantinato, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE) Hélio Angotti Neto, além do presidente da Precisa medicamento, Francisco Emerson Maximiano e de Emanuela Medrades. A depoente confirmou que negociou a compra com Elcio Franco.

Negociação foi rápida

A negociação de venda da Covaxin para o governo federal foi a mais rápida, e ocorreu quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda criticava a compra dos imunizantes por um lado e, por outro, dizia que não negociaria os medicamentos sem autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ainda assim, Luis Ricardo falou em pressões incomuns para compra do produto, que seria pago em um paraíso fiscal e com as notas fiscais internacionais registradas no Ministério da Saúde cheias de inconsistências. Mas, Emanuela Medrades afirmou que a negociação foi rápida, pois a empresa aceitou todas as cláusulas impostas pelo governo. A depoente também afirmou que começou a negociar a compra com a Bharat em junho de 2020, e com o Ministério da Saúde, em novembro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação