Sob investidas do presidente Jair Bolsonaro e após reação das Forças Armadas às declarações do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), disse, ontem, que o colegiado não teme “intimidações e quarteladas”. A declaração foi feita após comandantes militares reiterarem as ameaças feitas aos parlamentares de que não aceitarão ataques.
“Não vamos investigar instituição militar, longe de nós. Nós temos responsabilidade institucional. Agora, vamos, sim, investigar o que aconteceu nos porões do Ministério da Saúde. E, na medida em que esses fatos forem sendo conhecidos e essas provas foram sendo apresentadas, nós vamos cobrar a punição dos seus responsáveis, sejam eles civis, sejam eles militares. Não importa”, avisou.
Na entrevista que deu ao O Globo, o comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, disse que a nota das Forças Armadas foi um “alerta” a Aziz sobre os ataques às instituições. Pelo Twitter, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, endossou as declarações. “Nos momentos de festa ou de dor, os militares estarão sempre unidos, em prol do povo brasileiro. Espírito de corpo forte. Corporativismo, jamais!”, postou.
Cautela
Entre os membros da CPI, tanto governistas quanto oposicionistas foram diplomáticos ao avaliarem a crise. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), porém, criticou o ministro da Defesa, Braga Netto, por ter emitido nota contra Aziz sem tentar resolver o assunto nos bastidores. “É obvio que ali faltou, não sei se foi intencional, por parte do ministro da Defesa, o que desde a antiguidade se faz na política, que é a arte do diálogo”, frisou.
Parlamentares veem a nota das Forças Armadas que mira Omar Aziz como uma tentativa de intimidar a CPI. As investigações se aproximam de supostas irregularidades na compra de vacinas, que envolvem diretamente militares do alto escalão das Forças Armadas integrantes do governo.
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) defendeu as Forças. “A fala no ambiente de CPI, sendo transmitida ao vivo para todo o Brasil, tem peso. O Omar (Aziz), em um primeiro momento, errou muito e, no momento seguinte, faz uma correção do que disse, mas disse”, destacou. “E a nota vem em razão do que se falou em um primeiro momento e que foi público. Não cabe a mim fazer juízo de valor se a nota foi mais leve ou mais pesada. Quem sente a dor decide o peso das palavras. A ofensa foi em relação às Forças Armadas. Eles se sentiram assim”, disse.
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