Após análises das faturas referentes à autorização de importação da vacina indiana Covaxin, chamadas de invoice, e das declarações do consultor da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) no Ministério da Saúde William Amorim Santana, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 decidiu que vai convocar o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, Onyx Lorenzoni, para depor.
Os senadores alegam que Onyx cometeu crime ao sustentar que era forjada a invoice apresentada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e por seu irmão, o diretor de logística do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda. Dias antes de comparecer à CPI, o deputado deemista revelou à imprensa a fatura que teria apresentado ao presidente Jair Bolsonaro, em 20 de março, como forma de denunciar o suposto esquema de corrupção. O documento continha pedido de pagamento antecipado, indicação de depósito a uma terceira empresa que não estava no contrato e recebimento de uma remessa inferior à acertada inicialmente.
Foi esta invoice que Lorenzoni, em coletiva de imprensa em 23 de junho, sustentou ser falsa, acusando Miranda de fabricar provas contra o governo. "O senhor não vai só se entender com Deus, não, vai se entender com a gente também. O senhor vai explicar e pagar pela irresponsabilidade, pela má-fé, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas", ameaçou o ministro, que também anunciou que denunciaria o servidor Ricardo por prevaricação. Ontem, no entanto, os documentos do próprio ministério recebidos pela CPI indicaram que a invoice era verdadeira.
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Como consequência, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitou a convocação de Onyx, requerimento que será votado na próxima sessão deliberativa. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), foi mais fundo e acrescentou a necessidade de uma acareação entre o ministro e Miranda. "O senador Renan já quer trazer [Onyx]. Ele acha que agora já chegou, realmente, a hora de trazê-lo. E até fazer uma acareação com o deputado Luis Miranda para saber quais providências. Porque o deputado disse que ia me mandar um dossiê e não me trouxe nada". A intenção de Aziz é "ver quem está mentindo". "Será a melhor coisa do mundo que nós vamos fazer."
Uma duvida gerada durante a sessão foi a data de recebimento da invoice. Enquanto senadores governistas sustentavam que era impossível um documento fabricado em 19 de março chegar um dia antes, oposicionistas defendiam a versão sustentada pelo consultor William Santana. Base e oposição concordaram na necessidade de se periciar a documentação. Mas uma das hipóteses que justifica o descompasso é o fato de o documento ter sido produzido em Singapura, cujo fuso horário está 11 horas à frente do Brasil. "Então dia 19 lá seria o dia 18 aqui", comentou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
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