O presidente da República, Jair Bolsonaro, baixou o nível durante a tradicional live desta quinta-feira (8/7) ao comentar sobre os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Após receber uma carta assinada pelos três senadores que lideram os trabalhos, o mandatário disse: "Sabe qual a minha resposta? Caguei, caguei para a CPI. Não vou responder nada".
Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede/AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) assinam o documento que pede ao presidente explicações sobre as acusações feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão, o servidor público Luís Ricardo Miranda, que relataram suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana Covaxin.
"Hoje foram Renan, Omar e o saltitante [se referindo a Rondolfe] fazer festa lá embaixo na presidência entregando um documento para eu responder", disse Bolsonaro, ciente da carta. "Não vou responder nada para esse tipo de gente em hipótese alguma. Não estão preocupados com a verdade, mas em desgastar o governo", justificou, acrescentando que Calheiros seria "aliadíssimo de Lula" e, por isso, "quer a volta dele a qualquer preço".
Se furtando de responder qualquer questionamento sobre as denúncias envolvendo as negociações da Covaxin, Bolsonaro continuou o discurso criticando os trabalhos e questionando os resultados e motivações dos senadores. "O que a CPI produziu de bem para o Brasil? O que produziu para reduzir o número de mortes?", questionou, sustentando que o interesse é apenas desgastar o governo.
A CPI, de fato, mira as ações e omissões do governo federal e, nas últimas semanas, tem encontrado indícios de corrupção envolvendo a alta cúpula do Ministério da Saúde, bem como lobistas e donos de empresas que negociaram vacinas com a pasta. O relato que recai diretamente sobre Bolsonaro é a denúncia feita por Miranda, em 25 de junho, quando revelou ser Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, o responsável por conduzir o "rolo" da vacina, denúncia que Barros nega.
Segundo Miranda, o chefe do Executivo sabia do envolvimento do líder do governo e prometeu acionar a Polícia Federal, o que só foi feito três meses depois, com a revelação feita durante a CPI. Na carta, os senadores pedem explicações a Bolsonaro. "Somente Vossa Excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros, o qual serve seu governo em uma função proeminente", diz o documento.
Bolsonaro afirmou, no entanto, que não tem "paciência para ficar ouvindo patifes acusando o governo" e questionou: "Como desmonta essa CPI de picaretas?". Além de desqualificar os senadores e as investigações, o presidente chegou a atribuir à repercussão da CPI o aumento de preço da gasolina. "De vez em quando tem reverberação [a CPI], mexe na bolsa, faz aumentar o preço do petróleo e do combustível, por tabela".
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