A CPI da Covid aprovou, ontem, a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula. Em março deste ano, o religioso recebeu aval do Ministério da Saúde para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro. Ele é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
De acordo com o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o valor das vacinas negociadas pelo reverendo era de US$ 17,50. “Três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano. O valor também é bem maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde na mesma negociação de 400 milhões de doses. Ele informou que o valor da vacina vendida era de US$ 3,50”, argumentou.
A CPI também aprovou a convocação do servidor do Ministério da Saúde William Amorim Santana. Segundo Rodrigues, ele “tem conhecimento de informações relevantes” sobre o contrato celebrado entre a União e a empresa indiana Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses do imunizante Covaxin.
A comissão ainda chamou para depor a diretora-executiva da VTCLog, Andreia Lima. A empresa é contratada pelo Ministério da Saúde para receber, armazenar e distribuir as vacinas contra o coronavírus.
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Francieli Fantinato
Hoje, a pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), a CPI vai ouvir a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde Francieli Fantinato. Segundo o parlamentar, a servidora editou nota técnica aos estados recomendando a vacinação de gestantes que tinham recebido a primeira dose da AstraZeneca com qualquer vacina que estivesse disponível, sem nenhuma comprovação de segurança ou eficiência disso nas grávidas. Conforme o parlamentar, esse procedimento, chamado intercambialidade, provocou mortes no Brasil.
Em 8 de junho, quando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestou depoimento à comissão, o assunto provocou uma discussão entre os dois. Alencar disse que o fato era muito grave e que as pessoas “não podem ser usadas como cobaias”. Além disso, segundo o senador, a Pfizer traz em sua bula que não deve ser aplicada em gestantes.
A exoneração da servidora foi publicada em 30 de junho no Diário Oficial da União. Segundo o ministro, ela pediu para deixar o cargo.
Francieli Fantinato também foi alvo de quebra de sigilos telefônico e telemático por parte da comissão de inquérito. A iniciativa partiu do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). (Com Agência Senado)
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