O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, passou mais de cinco horas detido na Polícia Legislativa do Senado, entre o fim da tarde e a noite desta quarta-feira (7/7), acusado de mentir em seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Dias pagou fiança de R$ 1.100 e saiu pela porta dos fundos, para evitar a imprensa. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) chegou a ir até o chefe da corporação, a fim de saber se ocorreu algum excesso no tratamento do suspeito.
Era por volta de 17h30 quando o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ficou impaciente com o depoimento do convidado e decidiu mandar prender o depoente por perjúrio e por mentir sob juramento. Senadores, inclusive da oposição, tentaram interceder em nome do depoente e negociar com a advogada para que ele fosse mais aberto em suas respostas, mas não houve acordo.
Dias foi parar no meio das investigações após o depoimento do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luis Dominghetti, que denunciou um esquema de propina na compra da vacina AstraZeneca.
Segundo Dominghetti, que era representante de venda informal da empresa Davati, que anunciava ter o medicamento, em um encontro em 25 de fevereiro em um restaurante no Brasilia Shopping, Dias teria pedido propina de US$ 1 por unidade para viabilizar a compra de 400 milhões de doses do imunizante.
O ex-diretor do Ministério da Saúde chamou Dominghetti de "picareta" e negou as acusações, mas apresentou um depoimento recheado de contradições. Também tentou implicar o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que, com o irmão, o servidor da pasta Luis Ricardo Miranda, denunciou outro esquema de superfaturamento no governo, na compra da Covaxin, mas não convenceu os parlamentares.
Aziz foi duro ao determinar a prisão de Dias. “Não aceito que a CPI vire chacota! Nós temos 527 mil mortos – mil mortos! E os caras brincando de negociar vacina! Por que ele não teve esse empenho pra comprar a Pfizer, que era de responsabilidade dele naquela época? Por quê? Ele está preso por mentir, por perjúrio. E, se eu estiver tendo abuso de autoridade, que a advogada dele ou qualquer outro senador me processe, mas ele vai estar detido agora pelo Brasil, porque nós estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram, pelas vítimas hoje sequeladas! Nós não estamos aqui pra brincar, não, de ouvir historinha de servidor que pediu propina! Isso que está acontecendo não vai acontecer mais”, avisou.
Saiba Mais
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.