VOTO IMPRESSO

Bolsonaro promete live com hackers para provar fraude eleitoral

Chefe do Executivo relatou, contudo, não ter obrigação em provar ‘nada para ninguém’. E voltou a defender aprovação do voto impresso e disse que a urna foi 'aperfeiçoada para o mal'

Ingrid Soares
postado em 02/07/2021 13:06 / atualizado em 02/07/2021 13:07
 (crédito: EVARISTO SA/AFP)
(crédito: EVARISTO SA/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro prometeu nesta sexta-feira (2/7) apresentar provas de que houve fraude nas eleições de 2018. Segundo o mandatário, ele reunirá um grupo de hackers para uma apresentação em live. No entanto, o chefe do Executivo relatou não ter obrigação em provar ‘nada para ninguém’ e voltou a defender a aprovação do voto impresso ao dizer que a urna eletrônica foi 'aperfeiçoada para o mal'.

“As coisas têm que ser ao longo do tempo aperfeiçoadas, igual a vacina. A questão do voto eletrônico começou até em uma situação boa, achei bacana na época, mas depois foi se aperfeiçoando para o mal. Eu devo apresentar nos próximos dias, eu não tenho obrigação de apresentar prova para ninguém. 'Ah, tem que apresentar provas'. Apresento se eu quiser. Eu pretendo, já fizemos contato com as pessoas que entendem do assunto, são hackers, para fazer uma demonstração pública. Lógico que a televisão não vai mostrar, eu vou fazer uma live. A TV tem interesse em qualquer candidato, menos em mim. Eu acabei com a teta deles, pô. Era um dinheiro público de fazer pena”, alegou.

O mandatário tem dito em diversas ocasiões, desde o início de 2019, ter provas de que ganhou as eleições presidenciais em primeiro turno, no entanto, nunca apresentou nada concreto. Em live, nessa quinta-feira (1º), Bolsonaro afirmou que não entregará a faixa presidencial a um sucessor, em caso de suspeita de fraude.

Ele também insinuou que o ex-presidente Lula, possível concorrente à presidência e principal oposição, encabeçou a reunião de 11 partidos contra o voto impresso. “Você pode ver: o que o candidato aí está fazendo? Ele já [está] reunindo alguns líderes partidários, loteando o futuro governo dele. Daí, os caras começam a trabalhar contra o voto auditável. Esse cara só chega na fraude”, emendou.

No último dia 28, o relator da Proposta de Emenda à Constituição PEC 135/19, do voto impresso na Câmara dos Deputados, o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), apresentou relatório favorável à proposta à comissão especial. O documento, caso aprovado, prevê a instalação de impressoras nas urnas eletrônicas.

No entanto, a pressão contra o projeto é grande. No último dia 26, líderes de 11 partidos decidiram que não vão apoiar a mudança do atual sistema de votação eleitoral. Eles defendem que o sistema eleitoral é confiável, que a urna eletrônica nunca teve fraude comprovada em 25 anos e que mudar as regras do jogo poderia gerar incertezas no processo, como a judicialização das eleições.

Armas

Bolsonaro também defendeu o porte e posse de armas de fogo para a população nesta sexta-feira. "A arma é a garantia da tua liberdade. Todas as ditaduras foram precedidas de campanha de desarmamento", justificou.

"Por decretos, tem gente comprando fuzil. E tem que ter fuzil, porque o bandido tem, pô! Por que é que o homem de bem não pode ter? Isso desestimula a invasão também. Agora, eu sou massacrado. O próprio 'nove dedos' falou que, se chegar no governo, ele vai tomar a arma do povo. Agora, ele só chega na fraude".

Barroso

O mandatário também acrescentou críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. "Eu não entendo o ministro Barroso, né, ser um ferrenho opositor ao voto auditável. Nós queremos transparência. Agora, eu não sei o que está na cabeça dele ou se ele é refém de alguém, né, para estar nessa campanha. Interferindo dentro do parlamento, reunindo com lideranças e falando seus argumentos contra o voto auditável. Eu tenho falado, se não passar, ele vai ter que inventar uma forma de tornar transparente as apurações, se não, vão ter problemas ano que vem. O que está em jogo não é a minha vida, tem algo mais importante que a nossa vida, é a nossa liberdade".

Por fim, afirmou que 'parece que não será necessário baixar decreto' contra medidas de restrição de governadores e prefeitos. "Você pode ver: superpoderes a prefeitos e governadores. Tô falando há algum tempo, deu uma acalmada no Brasil, parece que não vai ser necessário eu baixar um decreto que seria cumprido, eu tenho as Forças Armadas. O que diz o decreto: Copie todos os incisos do artigo 5º da Constituição", concluiu.

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