Cabo da Polícia Militar de Minas Gerais que se apresenta como vendedor de vacinas pela empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominghetti Pereira reafirmou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 nesta quinta-feira (1º/7) que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina contra covid-19 ao tentar vender 400 milhões de doses de imunizantes ao governo federal.
A proposta, segundo ele, partiu do ex-diretor do Departamento de Logística (DLOG), do Ministério da Saúde, Roberto Dias, exonerado na terça-feira (29/6), após reportagem da Folha de S.Paulo com os relatos de Dominghetti. Aos senadores, o militar da ativa disse que atuava para a Davati desde janeiro, em um acordo verbal com o representante da empresa Cristiano Alberto Carvalho, chamado por Dominghetti de "CEO". O CEO da empresa, entretanto, seria Herman Cardenas. Depois, em abril, segundo o militar, a parceria foi oficializada em uma carta, que o referendou como intermediário na negociação com o Ministério da Saúde.
Dominghetti também afirmou que esteve no Ministério da Saúde três vezes, e que esteve com três executivos da pasta: Roberto Dias, o ex-secretário executivo Elcio Franco e com outra pessoa ligada à Vigilância Sanitária. O depoente contou que recebeu uma proposta de propina em reunião no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal. Estavam no local, segundo ele, além de Dias, o ex-assessor do DLOG tenente-coronel Marcelo Blanco e um empresário, que ele diz não se lembrar quem seja.
O vendedor afirmou que o primeiro contato que teve no ministério foi por meio de uma organização não-governamental (ONG), e que foi recebido por outra pessoa. Essa pessoa disse que encaminharia uma agenda entre ele e Elcio Franco. Dominghetti relatou ter sido apresentado depois a Blanco por um parceiro comercial das tratativas de insumos e de outras parcerias. Segundo ele, Blanco se mostrou interessado na aquisição, e o apresentou a Roberto Dias. Tudo isso teria ocorrido entre 22 e 26 de fevereiro.
Perguntado se Dias mencionou outras pessoas que integrariam o grupo de atuação nesse pedido de propina para compra de vacina por parte do ministério, o militar disse que ele não citou.
"Complementação de renda"
Dominghetti relatou que é cabo da ativa da PM de Minas, e que começou a atuar no mercado de insumos para complementação de renda. Um e-mail que chegou à CPI após as denúncias mostra que chegou a haver uma negociação formal do ministério.
“Prezados, este ministério manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos. Para tanto, gostaríamos de verificar a possibilidade de agendar uma reunião hoje, às 15h, no Departamento de Logística em Saúde. No aguardo, agradecemos antecipadamente”, diz e-mail enviado por Roberto Dias às 10h37, pedindo um encontro menos de cinco horas depois, em resposta à uma proposta da Davati. A referida mensagem foi enviada dia 26 de fevereiro, um dia depois de o suposto encontro relatado por Dominghetti.
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