O presidente Jair Bolsonaro comentou indiretamente, nesta quarta-feira (30/6), no Mato Grosso do Sul, denúncias de propina envolvendo o governo e o contrato da vacina indiana Covaxin. Apesar de não citar oficialmente a polêmica, durante cerimônia de inauguração da Estação Radar de Ponta Porã, o mandatário disse que o governo é vítima de mentiras e chamou os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 de “bandidos”.
“Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada com 7 bandidos que vão nos tirar daqui. Temos uma missão pela frente: conduzir o destino da nossa nação e zelar pelo bem estar do nosso povo".
O chefe do Executivo ainda exaltou as Forças Armadas e ressaltou amizade com parlamentares do Poder Legislativo. "Só tenho paz e tranquilidade porque sei que, além do povo, eu tenho Forças Armadas comprometidas com a democracia e com a nossa liberdade. Pode ter certeza de que temos uma missão pela frente e vamos cumpri-la da melhor maneira possível, tendo, além do Poder Executivo, obviamente, os nossos amigos do Poder Legislativo, que têm nos dado um grande apoio em todas as propostas que temos apresentado para o bem do nosso Brasil".
Esquema de vacinas
Denúncia divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo na última terça-feira (29) mostrou relato do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, no qual ele disse ter recebido propina de US$ 1 por dose de vacina quando a empresa ofereceu 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
De acordo com ele, o pedido de propina partiu do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, no dia 25 de fevereiro — mesma data em que a pasta assinou contrato com a Precisa Medicamentos, representante do laboratório indiano Bharat Biotech, para aquisição de 20 milhões de doses de vacina a R$ 1,6 bilhão, contrato este também alvo de suspeita da CPI. Dias foi exonerado ainda na terça-feira, com publicação no Diário Oficial da União (DOU). Dominguetti deverá ser ouvido pela CPI no próximo dia 2.