A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 aprovou, nesta quarta-feira (30/6), a convocação do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, após ele afirmar ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina quando ofereceu ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. O pedido de propina, segundo ele, partiu do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, no dia 25 de fevereiro. Dias foi exonerado na última terça-feira após publicação de reportagem da Folha de S.Paulo.
Dominguetti será ouvido nesta sexta-feira (2/7). Na terça-feira da próxima semana, segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) será ouvido em sessão secreta, como solicitado por Miranda. Na quarta-feira (7) será a vez de Roberto Dias, cuja convocação também foi aprovada; na quinta-feira (8), o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo, será ouvido pelos senadores.
Ricardo Barros está sendo convocado após depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e de seu irmão, o deputado Luis Claudio Miranda. Na oitiva, o parlamentar relatou ter levado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, as suspeitas de seu irmão em relação à negociação da Covaxin. Segundo Miranda, na ocasião, o mandatário disse que a situação parecia ser "rolo" de Barros. O encontro ocorreu no dia 20 de março.
O colegiado também aprovou a convocação de Marcelo Blanco, diretor substituto Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Blanco é referido como uma das pessoas que participaram do encontro no qual foi discutido propina, segundo Dominiguetti relatou à Folha. O empresário afirmou que além de Dias, estavam presentes um militar do Exército e um empresário — Blanco é militar.
Também foi convocada Regina Célia Silva Oliveira, apontada pelo servidor Luis Ricardo Miranda como a servidora do ministério que "passou por cima" da área do servidor e autorizou a importação da Covaxin.
Os senadores aprovaram ainda 12 quebras de sigilo, entre elas a de sigilo bancário e fiscal de Eduardo Pazuello. Já havia sido aprovada a quebra de sigilo telefônico e telemático do ex-ministro da Saúde.
Confira todas as convocações aprovadas:
-Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais da União Química, laboratório produtor no Brasil da vacina russa Sputnik V;
-Robson Santos da Silva, secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde;
-Túlio Silveira, representante da Precisa Medicamentos, empresa representante do laboratório indiano Bharat Biotech, produtor da vacina Covaxin. A empresa é alvo da CPI, pela negociação do governo federal para aquisição de 20 milhões de vacinas a R$ 1,6 bilhão;
-Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos;
-Médico Antonio Jordão de Oliveira Neto, para prestar depoimento em conjunto com Paolo Zanotto;
-Antônio José Barreto de Araújo Júnior, ex-secretário-executivo do Ministério da Cidadania, para esclarecer os detalhes acerca da concepção do auxílio emergencial, bem como das potenciais inconsistências e fragilidades;
-Marcelo Bento Pires, ex-diretor de Programa do Ministério da Saúde, citado pelo servidor da pasta Luis Ricardo Miranda ao falar sobre pressões sofridas por ele para agilizar a importação da Covaxin;
-Thiago Fernandes da Costa, servidor do Ministério da Saúde e um dos gestores que atuaram no contrato celebrado entre a União e a Precisa Medicamentos;
-Rodrigo de Lima, servidor terceirizado do Ministério da Saúde citado em depoimento de Luis Miranda. Segundo Miranda, Lima afirmou que um vendedor de vacina relatou pedido de propina por parte de servidores da pasta;
-Danilo Berndt Trento, Danilo é sócio da empresa Primarcial Holding e Participações LTDA, com sede em São Paulo e no mesmo endereço da empresa Primares Holding e Participações - EIRELI, cujo sócio é o senhor Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos.
-Emanuel Catori, um dos sócios da Belcher Farmacêutica, empresa que atuou na negociação das vacinas produzidas pelo laboratório chinês CanSino;
-Gustavo Mendes Lima Santos, gerente de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa;