Após ser denunciado como provável responsável pelo suposto esquema ilícito envolvendo as negociações da vacina indiana Covaxin, o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), teve o nome incluído no rol de requerimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou, nesta segunda-feira (28/6), pedido de convocação do parlamentar.
O objetivo da convocação, como justifica Vieira, é obter mais informações sobre as denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que "declinou o nome do senhor Ricardo Barros, na condição de participante mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin".
Segundo depoimento de Miranda, na última sexta-feira (25/6), Barros teria sido o articulador por trás do contrato com a Covaxin. O irmão do parlamentar e servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, relatou ao Ministério Público Federal (MPF) ter sofrido "pressões anormais" para assinar a licença de importação, mesmo com elementos que sugeriam ilicitudes, como pagamento adiantado a uma empresa que não estava no rol do contrato.
"Com essa pressão e a forma com que a gente recebeu os documentos, toda a equipe do setor não se sentiu confortável com essa pressão e com a falta de documento. E aí, como os meus dois superiores internos no ministério estavam pressionando, eu acionei, conversei com meu irmão, que aí passou ao presidente", relatou o servidor à CPI.
Na conversa com o presidente Jair Bolsonaro, o deputado Miranda diz ter relatado os indícios de corrupção, tendo o mandatário apontado o nome de Barros como o responsável pelo "rolo" da vacina. Segundo Miranda, o mandatário teria dito: "Você sabe que ali é foda e tal. Se eu mexo nisso aí, você já viu a m* que vai dar, não é?", narrou o deputado, na CPI, acrescentando que Bolsonaro chegou a mencionar Barros e questioná-lo se ele sabia que era o líder do governo o envolvido.
No entanto, Miranda se referia a Barros como "fulano" durante toda a sessão, só revelando o nome do deputado no fim do dia, após muita pressão dos senadores. Lamentou, ainda, o fato de Bolsonaro ter prometido levar o caso à Polícia Federal, mas não ter se movimentado para isso. "Que presidente é esse que tem medo da pressão de alguém que está fazendo algo errado, que desvia dinheiro público das pessoas que morreram com a p* dessa covid", desabafou.
Pelas redes sociais, logo após ter tido o nome mencionado, na sexta, Barros afirmou: Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso".
Já há consenso do G7, grupo de sete senadores independentes ou de oposição ao governo na CPI, sobre a aprovação do requerimento, que deve ser votado nesta quarta-feira (30). Barros promete não faltar com a presença. "Reafirmo minha disposição de prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin", escreveu o deputado, no domingo (27).
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