ELEIÇÕES

Voto impresso perde espaço

Representantes de 11 partidos, incluindo o Centrão, sinalizam pela manutenção do atual processo eleitoral, com uso da urna eletrônica

Uma reunião entre os presidentes de 11 partidos políticos na manhã de ontem pode ter selado o destino de um dos projetos mais importantes para o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Na reunião, eles decidiram, por unanimidade, adotar um posicionamento contra o voto impresso. Segundo os participantes, a atuação junto às bancadas no Congresso daqui para a frente é de defesa do atual sistema eleitoral.

O encontro ocorreu de forma on-line e durou cerca de uma hora. Estiveram presentes Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD), Luciano Bivar (PSL), Luis Tibé (Avante), Marcos Pereira (Republicanos), Paulinho Pereira da Silva (Solidariedade), Roberto Freire (Cidadania) e Valdemar Costa Neto (PL). Os partidos representam praticamente dois terços do Congresso, com 326 deputados e 55 senadores.

Parte desses partidos é aliada do presidente Bolsonaro no Congresso. Segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo, a reunião foi “uma sinalização institucional desses partidos no sentido da confiança no atual modelo de votação e apuração do voto eletrônico”, afirmou.

A informação foi reiterada pelo deputado Baleia Rossi, presidente do MDB. “Todos os presidentes foram unânimes em dizer que nosso sistema é seguro. Vamos dialogar com as bancadas para superar esse tema”, disse.

A reunião foi marcada após conversas com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que defende a segurança da urna e acredita que o voto impresso representa um retrocesso.

A volta das cédulas é uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ontem, após nova “motociata” em Chapecó (SC), Bolsonaro voltou a falar sobre fraudes nas eleições. “Tem eleições no ano que vem. E, se Deus quiser, com apoio do parlamento, com voto auditável. Vamos colocar um fim na sombra da fraude que deve acontecer, com toda certeza, a cada eleição”, bradou.

Para o cientista político da FGV, Eduardo Grin, a movimentação contra temas de interesse do governo serve de alerta. “Com certeza é um aviso. O centrão mantém apoio até o momento em que o custo é maior que o benefício. Ele está afundando na opinião pública. A CPI produziu um fato novo. O Fiat Elba do Collor é a Covaxin do Bolsonaro. Pode ser que o centrão já tenha sentido o cheiro do fio desencapado e queira desembarcar do governo”, disse.