Governo

Bolsonaro defende Salles: 'Herança de ministério é uma penca de processos'

O chefe do Executivo lamentou decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou investigação sobre ministro. Bolsonaro disse que o acusado promoveu o casamento "quase perfeito" entre a agricultura e o meio ambiente

O presidente Jair Bolsonaro elogiou, nesta terça-feira (22/06), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante cerimônia do Plano Safra no Palácio do Planalto. O chefe do Executivo o parabenizou publicamente pelo serviço que vem prestando frente à pasta e, indiretamente, lamentou decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou que o ministro fosse investigado. O mandatário sinalizou ainda que às vezes a herança de comandar um ministério é uma "penca de processos".

"Você faz parte dessa história, Salles. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi um casamento quase perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como, por vezes, somos tratados por alguns poucos deste outro Poder que é muito importante para todos nós", apontou.

No começo do mês, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a abertura de um inquérito contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O dirigente da pasta é acusado pela Polícia Federal de tentar atrapalhar investigação para proteger madeireiros. As acusações foram feitas pelo delegado Alexandre Saraiva. O ministro teria atuado para impedir a fiscalização do Ibama e da PF sobre a maior apreensão de madeira da história do país.

Salles já é investigado em um outro inquérito no Supremo, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, por suspeita de facilitar exportação ilegal de madeira. Na tentativa de sair do radar e tentar sobreviver no governo, Salles ainda diminuiu o número de aparições públicas, entrevistas e mesmo postagens nas redes sociais.

Especialistas ouvidos pelo Correio avaliam que muito pouco foi feito pelo governo para evitar o aumento de desmatamento e queimadas no país, a fim de unir discurso à prática.

Bolsonaro também elogiou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Disse que ela "vale por 10 ministros". "Quero agradecer ao parlamento brasileiro porque eu tive liberdade para escolher meus ministros. Nessa questão, pedi que os parlamentares me indicassem um nome entre eles. Não foi uma lista tríplice. Foi um, o da Tereza. De imediato eu aceitei. Ela vale por 10 ministros. É uma pessoa fantástica. Eu a chamo de "pequena grande mulher".

O presidente detalhou a atuação da ministra. "Nas minhas viagens para o exterior, ela ia quase sempre no escalão precursor para fazer outros contatos, ultimar acordos. Quando chegava, estava tudo pronto. O mundo árabe nos adora, eles procuram diversificar a compra de alimentos para sua segurança alimentar, fizemos excelentes acordos", destacou.

ONU 

Bolsonaro voltou a dizer que a eleição do Brasil para uma das vagas rotativas do Conselho de Segurança das Nações Unidas é prova do bom relacionamento do país com o resto do mundo. "A nossa relação com todos foi explicitada há duas semanas, quando disputamos uma cadeira não permanente do Conselho de Segurança da ONU onde entre 190 votos, tivemos 182. Querem prova mais inequívoca de que o governo tem boa relação nos exteriores como tinha o Ernesto Araújo e tem agora o Carlos França? O Brasil é um país fantástico, querido por todos", relatou.

Amazônia

O presidente disse ainda que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e afirmou que há uma grande campanha contra a política ambiental do governo por conta das riquezas e da agricultura. "Somos o país que mais preserva. Não adianta falar que nós queimamos a Amazônia, que é uma mentira deslavada.Todos nós sabemos que a floresta úmida não pega fogo. Agora, essa grande campanha contra nós é pelo nosso potencial. Se não fosse a nossa agronomia, como estaríamos hoje em dia? Somos um dos 5 países que menos decresceu apesar da pandemia. Estamos recuperando em "V"", justificou.