A direção da Polícia Federal disparou ofícios a todas as 27 superintendências regionais da corporação cobrando um levantamento das denúncias de fraudes na urna eletrônica registradas desde a implantação do sistema de votação, na eleição de 1996.
Os documentos foram enviados na quinta-feira, 17, horas após o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem o 'dever cívico' de apresentar provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão.
"Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas de fraude tem o dever cívico de entregá-la ao tribunal e estou com as portas abertas. O resto é retórica política, são palavras que o vento leva", disse Barroso.
A PF justifica o pedido com base na criação da comissão especial instituída na Câmara para discutir a chamada 'PEC do Voto Impresso', de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), e ainda pela 'necessidade recorrente' de consolidar os dados referentes a denúncias de fraudes eleitorais.
Sobre a eleição de 2018, Bolsonaro disse ter provas de fraudes que lhe tiraram uma vitória em primeiro turno. Até hoje, porém, não apresentou qualquer evidência.
O voto impresso é uma bandeira do presidente desde os tempos de deputado. Na prática, o sistema não substituiria a urna eletrônica, mas geraria uma espécie de comprovante físico dos votos para recontagens manuais, o que representaria um custo aos cofres públicos na ordem de R$ 2,5 bilhões ao longo de dez anos. A defesa da proposta costuma vir acompanhada de declarações que colocam sob suspeita o sistema eleitoral eletrônico.
Em um dos episódios recentes, após a invasão ao Capitólio por extremistas inconformados com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que, se não houver voto impresso em 2022, o Brasil pode ter um 'problema pior'. "Qual foi o problema (nos Estados Unidos)? Falta de confiança no voto. Então lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatro vezes, mortos votaram", disse a apoiadores no início do ano.
No mesmo dia, após a repercussão da fala, o presidente voltou a comentar o assunto em sua primeira transmissão semanal ao vivo de 2021. "Qual o problema nisso? Estão com medo? Já ac
ertaram a fraude para 2022? Eu só posso entender isso aí. Eu não vou esperar 2022, não sei nem se vou vir candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso", disse ele na live.
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Na ocasião, Barroso declarou que a vida institucional não pode ser palanque e que as autoridades precisam ser responsáveis pelo que dizem. Ao contrário do que defende o presidente, a votação eletrônica no Brasil permite auditoria e todos os anos uma empresa independente é contratada por meio de licitação para periciar a votação.