O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), divulgou a lista de nomes que passarão a ser investigados pelo colegiado. Ao todo, são 14 nomes. Nem todos foram ouvidos pelo comissão. Por fugirem da oitiva, o empresário bolsonarista Carlos Wizard e o ex-assessor da presidência da República Arthur Weintraub entraram para o rol. O nome do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que inicialmente levantou dúvidas entre alguns membros do G7, grupo da maioria da CPI, também entrou para o grupo.
Calheiros afirmou, em coletiva de imprensa, que aguarda um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF), para saber se o colegiado terá, ou não, poderes para investigar, também, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O documento com o nome dos investigados já foi entregue ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). A sessão da comissão desta sexta-feira (18) sofreu boicote de parte dos senadores, pois ocorreu a pedido de governistas, com a entrevista de nomes negacionistas, favoráveis à cloroquina para tratamento da covid-19. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença.
Deixaram a CPI logo cedo, às 10h30, o relator, o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o senador Humberto Costa (PT-PE). Por volta de 14h, Aziz também deixou o colegiado para voltar para o estado do Amazonas. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se diz independente, mas se posiciona como os governistas na CPI, assumiu interinamente a presidência durante a sessão.
Randolfe afirmou que se recusou a participar pois seria dar ouvidos a quem nega a ciência. A afirmação ocorreu na mesma coletiva em que Calheiros anunciou a lista de investigados e os senadores mencionaram a possibilidade de investigação de Bolsonaro.
“Na qualidade de relator desta Comissão Parlamentar de Inquérito, a cargo de quem está elaborando o relatório final e a avaliação contínua das linhas investigativas, considero relevante dirigir-me a Vossa Excelência para informar que, a partir de agora, todas as diligências que venham a ser realizadas em face das pessoas abaixo qualificadas, passem a considerar e tratá-las pela condição de investigadas, o que reflete o atual estágio das investigações, tendo em vista as inúmeras audiências até aqui realizadas, bem como a considerável quantidade de informações e documentos recebidos por esta CPI”, afirma o documento entregue a Aziz.
Senadores falaram sobre a possibilidade de investigar o presidente da República após Bolsonaro afirmar que aqueles que foram infectados pelo vírus estão melhores protegidos do que aqueles que tomaram a vacina. A informação, mentirosa, trabalha contra a imunização da população. Os senadores destacaram que, nesse caso, há dolo eventual por parte do presidente, por assumir o risco de aumentar o número de mortos pela doença trabalhando contra a vacinação.
Confira o nome dos investigados na CPI:
Antônio Élcio Franco Filho, ex-secretário do Ministério da Saúde;
Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República;
Carlos Roberto Wizard Martins, empresário bolsonarista;
Eduardo Pazuello, militar do Exército e ex-ministro da Saúde;
Ernesto Henrique Fraga Araújo, ex-chanceler do Brasil;
Fábio Wajngarten, ex-secretário de comunicação da Presidência;
Francieli Fantinato, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização;
Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Marcellus Campelo, ex-secretário de Saúde do Amazonas;
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
Mayra Isabel Correia Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde;
Nise Hitomi Yamaguchi, oncologista e entusiasta da cloroquina;
Paolo Marinho de Andrade Zanotto, virologista e entusiasta da cloroquina;
Luciano Dias Azevedo, anestesista e entusiasta da cloroquina