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Após ser expulso do DEM, Rodrigo Maia acena ao PSD

O ex-presidente da Câmara foi expulso por "infração disciplinar". No mês passado, Maia chamou ACM Neto de "malandro baiano" e "baixinho sem caráter" nas redes sociais

A Executiva Nacional do Democratas decidiu, ontem, por unanimidade, expulsar o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ). O rompimento entre o deputado e o presidente do DEM, ACM Neto, ocorreu às vésperas da eleição que renovou o comando da Câmara e do Senado, em fevereiro. O parlamentar está de malas prontas para o PSD de Gilberto Kassab. O processo foi relatado pela deputada Professora Dorinha (DEM-TO).

Maia já estava insatisfeito na legenda e chegou a pedir a desfiliação do partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que sofria grave discriminação e que o partido mudou de posicionamento político, aliando-se ao presidente Jair Bolsonaro. Ele vinha trocando farpas com ACM Neto desde que, na reta final para a sua sucessão no comando da Câmara, o DEM decidiu manter-se neutro na disputa entre Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (Progressistas-AL), frustrando os planos de Maia, que pretendia eleger o emedebista.

Ao Correio, Maia revelou que já esperava pela expulsão e chamou Neto de “Torquemada Neto”, em referência ao inquisidor espanhol Tomás de Torquemada. “Infelizmente não esperava nada diferente do Torquemada Neto”, afirmou. Já nas redes sociais, o deputado criticou a decisão e disse que sua expulsão é “lamentável”.

“Não só por isso, mas também pela sua deslealdade e falta de caráter (sobre ACM Neto), pedi a minha desfiliação. O partido diminuiu. Virou moeda de troca junto ao governo Bolsonaro. Agora é virar a página e juntar forças para um projeto de desenvolvimento do Brasil e em prol dos brasileiros”, continuou.

Segundo o Código Eleitoral, na Câmara dos Deputados, para a qual os deputados são eleitos via voto proporcional, o mandato pertence ao partido. Desta forma, se Maia pedisse desfiliação ao partido sem apresentar justificativa ao TSE, perderia o mandato. Já que foi expulso, Maia poderá manter-se deputado e filiar-se a outra legenda.

Um destino provável pode ser o PSD, que atraiu, recentemente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Para analistas, há uma tentativa do partido presidido por Gilberto Kassab de construir um forte elenco no Rio para disputar as eleições de 2021.

O ex-presidente da Câmara foi expulso por “infração disciplinar”. No mês passado, Maia chamou ACM Neto de “malandro baiano” e “baixinho sem caráter” nas redes sociais do partido após ele ter feito críticas ao governador de São Paulo, João Doria. O tucano conseguiu filiar o vice-governador Rodrigo Garcia ao PSDB, irritando Neto, uma vez que Garcia era do DEM.

Já o DEM, por meio de nota, disse que “após garantir o amplo direito de defesa ao parlamentar, os membros da Executiva apreciaram o voto da relatora, deputada Prof. Dorinha. A comissão nacional, à unanimidade de votos, deliberou pelo cometimento de infração disciplinar, e consequente expulsão do deputado”.

Hasselmann pede para sair do PSL

A deputada Joice Hasselmann (SP) entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do PSL. Uma das justificativas apresentadas pela parlamentar é de que ela tem sido alvo de “grave perseguição política interna e discriminação político-pessoal”, o que seria suficiente para deixar a sigla sem perder o mandato na Câmara. Ela afirma que essa represália tem acontecido desde o fim de 2019, quando a legenda rachou devido à desfiliação do presidente Jair Bolsonaro — do qual ela se tornou uma voz crítica.