Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, nesta sexta-feira (11/6), o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Cláudio Maierovitch afirmou que o plano de imunização contra covid-19 no Brasil “é pífio”. De acordo com ele, faltou plano do governo federal durante a pandemia, com uma coordenação efetiva.
“O plano de imunização que tivemos é um plano pífio. É um plano que não entra nos detalhes necessários para um plano de imunização que deve existir no país”, disse. De acordo com o médico, não houve, por exemplo, “critérios homogêneos definidos para o Brasil inteiro”, ficando a cargo “de cada estado e de cada município definir seus próprios critérios”.
“Pode parecer democrático um sistema descentralizado, mas, frente a uma epidemia dessa natureza e com a escassez de recursos que temos, isso deixa de ser democrático para produzir iniquidades, na medida em que é difícil para os gestores locais ou mesmo para os estaduais gerenciar diferentes expressões e diferentes critérios para adoção de prioridades para vacinação. Então, assistimos estarrecidos a um desestímulo oficial para que um grande laboratório nacional assumisse a produção de vacinas”, disse, referindo-se ao Instituto Butantan e à vacina Coronavac, produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, imunizante amplamente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro.
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Plano mestre
Conforme o ex-presidente da Anvisa, o cenário seria diferente “se houvesse uma política oficial não apenas de busca da compra de imunizantes, mas de busca de articulações e de acordos para a produção nacional”. “Certamente o Instituto Butantan poderia ter agido mais rápido e com mais pujança, com uma produção mais relevante e possivelmente, até mesmo, acelerando os seus estudos”, pontuou. Na CPI, o depoimento do diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que não houve investimento do governo no âmbito da produção de vacina contra covid-19, algo confirmado pelo governo.
Maierovitch ressaltou que o Brasil “é um país que tem um sistema nacional de vigilância em saúde e que estabeleceu, ao longo dos anos, os seus planos de emergência e planos de contingência”. “Nós temos, desde 2014, um plano mestre para resposta em emergência de saúde pública neste país e vários planos específicos. Qual é o sentido deles (dos planos)? É para que justamente diversas coisas estejam pensadas previamente para quando da ocorrência de uma crise”, disse.
O médico frisou que um plano de emergência precisa conter um planejamento em relação a insumos. De acordo com ele, cenários como falta de oxigênio ou de kit de intubação, como foi visto em Manaus, onde pacientes morreram em unidades de Saúde por falta de oxigênio, ocorre quando não há plano. “Um plano prevê necessariamente o seu monitoramento”, afirmou.
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