Sob pressão, o Cidadania e o PSB desistiram de ações no Supremo Tribunal Federal (STF) que pediam a suspensão dos pagamentos com verbas do orçamento secreto. O recuo das legendas causou estragos internos. Um dos insatisfeitos, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), informou ao partido que se desfiliará da legenda.
Em nota, Vieira chamou de "escândalo de dimensão nacional" o orçamento secreto e disse discordar "frontalmente" da desistência da ação.
Desde a tarde de anteontem, após serem informados que a ministra Rosa Weber seria a relatora, aliados do Palácio do Planalto pressionavam pela retirada dos pedidos ao tribunal. A desistência, no entanto, não significa o fim dos processos. Ao contrário, no tipo de ação apresentada, o STF costuma dar continuidade aos casos, segundo especialistas em direito constitucional ouvidos pela reportagem. Além disso, o PSOL anunciou que apresentará ação sobre o tema nos próximos dias.
O Estadão apurou que o líder do PSB, Danilo Cabral (PE), e o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) estiveram na linha de frente a favor da retirada da ação. Carreras aparece como autor de uma indicação de repasses para a Codevasf da ordem de 2 milhões. Em janeiro, o deputado negou a informação. Ontem, ele não respondeu aos telefonemas da reportagem. Cabral disse que não se manifestaria.
Representantes do PSB ouvidos reservadamente argumentaram que prefeitos e governadores contam com os recursos da emenda de relator-geral e, por isso, pediram que o partido voltasse atrás. O presidente da sigla, Carlos Siqueira, não foi localizado ontem.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, disse que a decisão foi tomada a pedido da bancada de deputados federais da sigla, liderada por Alex Manente (SP), que negou a informação. "A bancada entendeu que não tem problemas, que aquilo é normal", disse . Freire teve a iniciativa de apresentar a ação ao Supremo, junto com Alessandro Vieira. Ele convocou uma reunião do partido diante da crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.