O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco disse em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, nesta quarta-feira (9/6) que durante a sua gestão na pasta da Saúde não houve, por solicitação do ex-ministro Eduardo Pazuello, “aquisição de cloroquina para o ano de 2020 para o combate à covid-19”. Franco é hoje assessor especial da Casa Civil.
Documentos enviados pelo Ministério da Defesa à CPI mostram que, no ano passado, o Exército produziu 12 vezes mais comprimidos de cloroquina 150 mg do que em 2017, quando foi produzido uma quantia para atender demanda de 2018 e 2019. Não houve produção neste ano, segundo ofício da pasta. As produções de 2020 ocorreram em março, abril e maio. No total, 91% foram distribuídos. Enquanto, em 2017, o custo foi de R$ 43,3 mil; em 2020, foi de R$ 1,1 milhão.
O coronel Franco afirmou também que defende o “atendimento precoce”, justificando que trata-se de um diagnóstico médico, com “orientações para que o paciente possa se afastar de demais e não contactar e transmitir a doença para outros e prescrever as medicações que ele julga mais adequadas”.
Franco foi questionado sobre o chamado “tratamento precoce”, que não existe no combate à covid-19, segundo especialistas. Franco ressaltou ser favorável a um 'atendimento precoce' e descreveu as ações de um tratamento inicial célere, defendido pela comunidade cientifica. Durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro e pessoas do seu entorno defenderam algo que não é defendido pela comunidade científica, o “tratamento precoce” com uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
Autonomia
Questionado sobre qual medicamento o coronel defende que haja no “tratamento precoce”, disse que com o que “o médico julgar oportuno, dentro da sua autonomia”. “E, se ele for usar algum medicamento off-label, como vários são utilizados na saúde, que ele faça o esclarecimento para o paciente, que só poderá ser medicado com aquele medicamento se aceitar”, disse.
Franco, que recentemente teve covid-19 e está se recuperando, contou à CPI que tomou hidroxicloroquina e teve entre 25% e 50% de comprometimento nos pulmões. Questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre por que, mesmo com o medicamento, teve comprometimento do pulmão, o coronel sinalizou que acredita que poderia ter ficado pior. “Meu quadro poderia ter sido mais acelerado e eu poderia estar pior (sem o medicamento)”, afirmou.
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