A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 no Senado aprovou, na manhã desta quarta-feira (9/6), a convocação do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, autor de um “estudo paralelo” no qual sustenta que metade das mortes creditadas à covid-19 não ocorreu por causa da doença. O servidor foi afastado da função de supervisor no Núcleo de Supervisão de Auditoria e a presidente do TCU, ministra Ana Arraes, autorizou a abertura de processo administrativo disciplinar contra ele.
O auditor produziu um estudo que foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro, na segunda-feira (7), como sendo do TCU. “Ali, o relatório final não é conclusivo, mas disse que em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, disse o presidente. O TCU logo o desmentiu. “O TCU esclarece que não há informações em relatórios do Tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid’, conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro”, ressaltou. Depois, apurou-se a existência do “estudo paralelo”.
No caso de Osmar Terra, ele é apontado como integrante do chamado ‘gabinete paralelo’. A CPI está apurando a existência do referido gabinete, que seria um assessoramento paralelo que alimentaria o presidente da República com informações negacionistas no combate à pandemia do novo coronavírus. A convocação do deputado foi reforçada depois que um vídeo publicado na página do Facebook do presidente Bolsonaro foi resgatado.
Nas imagens, o mandatário está em uma audiência no Palácio do Planalto com o grupo Médicos pela Vida. Terra estava no local, ao lado de Bolsonaro, e chega a ser chamado de ‘padrinho’ por um dos presentes. Ele também foi chamado pelo mandatário de “assessor”, quando Bolsonaro afirmou que pediria para ele ir conversar com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre o que era discutido na reunião. Terra, que reduziu a crise sanitária durante toda a pandemia, chegou a ser cotado como possível ministro da Saúde.
Além dos dois, foram convocados o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho; Felipe Cruz Pedri, secretário de Comunicação Institucional no Ministério das Comunicações; o empresário José Alves Filho; o presidente da Apsen Farmacêutica, Renato Spallicci; e o desenvolvedor do aplicativo TrateCov ou responsável da empresa contratada para este fim.