FUTEBOL E POLÍTICA

Decisão dos jogadores da Seleção provoca alívio no Planalto

O vice-presidente Hamilton Mourão também voltou a defender a realização do torneio. Ele caracterizou a discussão sobre a participação da Seleção no campeonato como sendo "totalmente disfuncional"

A decisão dos jogadores da Seleção Brasileira de disputar a Copa América, com início no próximo domingo, provocou alívio no Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro comentou que agiu apenas para que o torneio ocorresse no país. “A minha participação na Copa América é abrir o Brasil para que ela fosse realizada aqui. Já tem os quatro estados acertados, tudo certinho. No tocante a jogador, técnico, estou fora dessa. Não tenho nada a ver com isso aí”, alegou a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

De acordo com o mandatário, “cada um tem na sua cabeça uma seleção e um técnico”. “Eu tenho na minha também. Só que a minha, eu falo com os meus amigos aqui, nem para vocês eu falo, porque tão gravando aqui”, completou.

O presidente ainda comparou a situação de imunizados no Brasil, onde 14,3% da população recebeu duas doses de vacina, com a do Japão, que sediará as Olimpíadas e tem 3% dos habitantes imunizados. “No Japão, se não me engano, 3% foram vacinados com a segunda dose e vão fazer Olimpíada. A Copa América aqui não pode, quer dizer, não querem”, disparou.

Também ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a defender a realização do torneio. Ele caracterizou a discussão sobre a participação da Seleção no campeonato como sendo “totalmente disfuncional”. “Não vou entrar nessa discussão. Acho que faz parte dessa disfuncionalidade em que nós estamos vivendo. Eu sou do tempo em que jogador de futebol, quando era convocado para a Seleção Brasileira, considerava uma honra”, frisou.

Mourão ironizou o técnico da Seleção, Tite. Ele fez coro a apoiadores do governo que atacaram o treinador nas redes sociais e pediram sua demissão porque o consideraram mentor da ideia da equipe de não disputar o torneio. “O técnico não quer mais? Não quer? O Cuiabá está precisando de um técnico, não está? Leva lá, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão, neste momento, totalmente disfuncional”, repetiu.

Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que “não compete” à pasta decidir sobre a Copa América, pois o evento é privado. Ele ressaltou que ao ministério cabe “verificar os protocolos de segurança e reforçá-los” e que “não vê risco adicional”. Queiroga ressaltou que o Campeonato Brasileiro “ocorreu normalmente” e “não houve sequer um caso de contaminação no campo”.

Também ontem, o diretor-executivo de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, ao ser questionado sobre o Brasil sediar a Copa América, disse que aconselharia qualquer país prestes a receber eventos com grande reunião de pessoas a ser extremamente cauteloso no gerenciamento de risco. “Se essa gestão de risco não pode ser garantida, então, certamente os países deveriam reconsiderar suas decisões de hospedar ou realizar qualquer reunião em massa”, destacou.

A Copa América seria disputada na Colômbia e na Argentina. Mas a Colômbia desistiu por causa da crise sociopolítica e econômica que enfrenta. Já a Argentina declinou de ser anfitriã por temer agravamento da pandemia no país com o torneio.

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