Em entrevista exclusiva dada ao Correio Braziliense, nesta sexta-feira (4/6), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou não acompanhar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. “Eu não fico assistindo a depoimento da CPI”, disse, justificando ter outras prioridades. “Eu tenho que me concentrar em garantir que não faltem insumos nas CTIs (Centro de Tratamento e Terapia Intensiva) do Brasil”.
Questionado no programa CB.Poder — realização do Correio com a TV Brasília —, se nem ao menos se inteirar dos resumos dos depoimentos fazia parte da rotina, o ministro disse que não, completando estar afastado, ainda, das redes sociais e do grupo de WhatsApp formado entre os ministros de Estado. “Eu não vejo redes sociais, não participo de grupo porque isso vai desviar meu foco. Eu tenho um único foco exclusivo: a vacinação da população brasileira. Trazer um ambiente mais harmônico numa situação sanitária complexa”.
Ao comentar sobre a participação na CPI da médica infectologista Luana Araújo — que teve indicação de Queiroga para assumir a secretaria de enfrentamento à covid-19, mas que foi vetada pela Casa Civil —, o ministro negou ter acompanhado a sessão. “O que eu posso dizer é que é uma pessoa que tem um bom currículo, que estava trabalhando comigo na elaboração de protocolos de testagem”.
Queiroga foi convocado pela segunda vez para prestar depoimentos à CPI, na próxima terça-feira (8), mas opinou já ter feito “os esclarecimentos devidos”. “Se os parlamentares acham que eu posso contribuir nesse momento na CPI, estou à disposição. E agora vou mostrar o que todos os brasileiros já sabem, o que temos feito à frente do Ministério da Saúde”.
Na nova participação, os parlamentares querem esclarecimentos sobre a perpetuação de um gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente da República, Jair Bolsonaro, bem como justificativas do governo federal em aceitar sediar a Copa América quando a nova variante indiana ameaça uma terceira onda no país.
Tratamento contra covid-19
Queiroga deverá responder, ainda, sobre em que pé anda a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) sobre protocolos a serem unificados para tratar pacientes com covid-19. Sobre este tema, o ministro adiantou ao CB.Poder: “Cumprimos o que está na lei. Se houver questionamento acerca de protocolos, o ministro pode, fundamentando a decisão, fazer observação”, disse, completando ser prematuro ainda opinar, já que o protocolo ainda está em processo de elaboração.
“É preciso que a classe médica harmonize”, disse, afirmando existirem dois grupos que divergem, “até porque, na questão da covid, evidência científica sólida é o que não há”.