Eleições

Bolsonaro e aliados podem investir em base partidária capilarizada

Presidente pode se filiar ao Patriota, mas, no PSL, nem todos os apoiadores se dispõem a acompanhá-lo. Possível estratégia dos bolsonaristas é ocupar várias legendas. Chefe do Executivo deve decidir futuro partidário na próxima semana

Ingrid Soares
postado em 16/06/2021 23:16
 (crédito: Evaristo Sá/AFP - 5/5/20)
(crédito: Evaristo Sá/AFP - 5/5/20)

Após reunião com membros da base aliada do PSL no final da tarde desta quarta-feira (16/06) no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro ainda avalia a possível filiação para o Patriota. No encontro, o chefe do Executivo tentou convencê-los de embarcar com ele na legenda. O encontro não constou na agenda oficial de Bolsonaro.

Ao Correio, a deputada Alê Silva (PSL-MG) relatou que o presidente ainda não bateu o martelo. “O presidente expôs a possibilidade, cada um falou um pouco. Que o apoiam, mas que talvez nem todos o acompanhem para o mesmo partido, porque talvez não seja interessante concentrar os bolsonaristas numa única sigla. Pode ser que se distribuam em outras que compõem com ele na majoritária. Mas sabemos que, no mínimo, 30 o seguirão para onde for”, disse.

Ainda assim, ela acrescentou que não foi citada a possibilidade de adentrar em outra legenda. “Todos querem ir com ele. Mas por questão de estratégia, de base, pode não ser interessante. Mas também não foi citado o nome de outro partido. Ele só disse que antes de decidir ele iria se reunir novamente conosco”, apontou a deputada aliada do Planalto.

A expectativa era de que Bolsonaro desse a resposta no final desta semana, mas segundo o presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, a decisão ganhou um novo prazo e será repassada na próxima terça-feira (16/06).

Aglomeração

Em um vídeo postado nas redes sociais pela deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC), presente no encontro, chamou a atenção ao menos 25 parlamentares reunidos em torno de uma mesa, sem uso de máscara facial e medidas de distanciamento.

O senador Flávio Bolsonaro, que já desembarcou na sigla, relatou que o chefe do Executivo deveria se reunir nesta semana com a bancada do partido para "colher sentimentos" e tomar a decisão final. Entre os parlamentares convidados estavam ainda a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Hélio Lopes (PSL-RJ), Daniel Freitas (PSL-SC), Major Vitor Hugo (PSL-GO), Soraya Manato (PSL-ES), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) e Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

No entanto, a ida de Bolsonaro para o Patriota ganhou mais um obstáculo. O vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, convocou uma nova convenção do partido para o próximo dia 24. Segundo o edital de convocação, o encontro visa deliberar sobre atos do presidente nacional da legenda, alteração estatutária, além da possibilidade de a legenda ter candidatura própria à Presidência da República. Essa será a terceira reunião da sigla. O partido está dividido e uma das alas, junto a outros membros, foi à Justiça contra Adilson, acusando-o de irregularidades na organização da convenção nacional em que foi anunciada a entrada do filho do presidente.

A fim de tentar uma conciliação do partido, Adilson realizou uma nova convenção na última segunda-feira (14). No entanto, os membros não chegaram a um consenso. Ao Correio, o secretário-geral da sigla, Jorcelino Braga, afirmou que o grupo “não tem nada contra a vinda do presidente'', mas que discorda dos atos individuais do presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso. 

Já Adilson, insiste que "tem feito o que autoriza o estatuto do Patriota em vigor". Além disso, o Cartório do Primeiro Ofício de Notas do Distrito Federal, do Núcleo Bandeirante, emitiu uma nota devolutiva exigindo que Adilson preste maiores esclarecimentos sobre o quórum qualificado da convenção ocorrida em 31 de maio para que possa registrar o resultado da convenção do partido, a qual aprovou a entrada de Flávio.

Na última convenção, o senador Flávio Bolsonaro, que já embarcou no Patriota, apontou que o pai deseja se filiar ao partido, mas que, para isso, precisa de segurança jurídica e que o racha interno da agremiação seja resolvido.

 

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