O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse acreditar que a milícia esteve envolvida em carreatas que pediam a reabertura do comércio durante a pandemia no estado. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da covid-19, nesta quarta-feira (16/6), no Senado, ele afirmou que deputados “negacionistas” também se envolveram nos movimentos, mesmo após ações do MPRJ para proibi-los.
“É bem provável que, nas carreatas, eles [milicianos] estivessem envolvidos. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ingressou com várias ações para proibir as carreatas. Nós tivemos decisões favoráveis, havia envolvimento de deputados do estado do Rio de Janeiro nessas carreatas também, deputados federais que são ligados a esse movimento negacionista”, pontuou.
Witzel disse também que os criminosos estão por trás de uma “máfia da saúde”, criada por meio das Organizações Sociais (OSs) responsáveis por hospitais no Rio, e que isso motivou seu impeachment, em uma tentativa de conter investigações solicitadas por ele.
“O meu impeachment foi financiado por essas OSs, e alguém recebeu esse dinheiro. E quem recebeu eu fico extremamente preocupado, porque pode ser, inclusive, do sistema de Justiça do país”, disse ele. O político é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O ex-governador afirmou que corre risco de morte e que já sofreu intimidações após determinar a investigação de milicianos. “Eu corro risco de vida. Eu tenho certeza, porque a máfia da saúde no Rio de Janeiro, e quem está envolvido por trás dele (sic), tenho certeza que tem miliciano envolvido atrás disso, eu corro risco de vida e também a minha família”.
Ameaças
Ele negou que tenha conhecimento de ameaças explícitas de milicianos, mas disse que sua segurança já relatou a aproximação de veículos e que houve intimidações. “A gente recebe sempre ameaças nas redes sociais, de que eu deveria estar morto. Sempre recebe esse tipo de ameaça. Durante o período em que eu tinha a minha segurança como governador, isso me deixava um pouco mais tranquilo. Hoje, eu não tenho mais essa prerrogativa, consequentemente, eu evito sair à rua, eu evito sair em horários que possam ter rotina”.
O receio de represálias, segundo ele, teria sido o motivo para o pedido de exoneração do ex-secretário de Polícia Civil do estado, Marcos Vinícius Braga, que enviou uma carta ao então governador Witzel em maio do ano passado pedindo para deixar o cargo. Ele atuava no combate à organizações criminosas.
“O Secretário de Polícia Civil pediu exoneração, dizendo que estava com receio de retaliação, exatamente porque ele estava investigando profundamente as milícias. O secretário ficou com receio até da própria família, da vida dele, e pediu exoneração do cargo, o doutor Marcus Vinicius”, afirmou, em seu depoimento.
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