CPI da Covid

Demora no auxílio emergencial atrapalhou combate à covid-19, diz Wilson Witzel

Ex-governador do Rio de Janeiro argumentou a senadores, em depoimento à CPI nesta quarta-feira (16/6), que governadores pressionaram por um auxílio mais rápido para garantir que as pessoas ficassem em casa, o que não aconteceu

Luiz Calcagno
postado em 16/06/2021 14:13 / atualizado em 16/06/2021 14:15
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, narra em seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da covid-19, nesta quarta-feira (16/6), as estratégias de sabotagem do governo federal ao combate à pandemia nos estados. O depoente começou a sessão explicando como o presidente Jair Bolsonaro estaria tentando atrapalhar governadores ao fala contra o uso de máscara, com apoio de parlamentares federais e estaduais. De acordo com Witzel, o atraso no pagamento do auxílio emergencial também prejudicou as ações de distanciamento social decretadas por chefes de Executivo locais.

Questionado se o envio de verbas foi o suficiente para o enfrentamento da pandemia, ele afirmou que não. e lembrou que outros governadores também pediram uma rápida aprovação o auxílio emergencial, que o governo, inicialmente ofereceu por R$ 200 e só subiu para R$ 600 quando percebeu que seria derrotado na Câmara, nos últimos meses de 2020. “Sabíamos que haveria redução de ICMS, de ISS e que somente o governo federal é que pode lançar mão de recursos para encaminhar aos estados. O estado não pode fazer empréstimo; o estado não pode emitir moeda”, afirmou.

O depoente afirmou que fez várias declarações repercutidas pela imprensa para pressionar o governo. “São várias declarações minhas que estão nos órgãos de comunicação a fim de que nós pudéssemos fazer com que o governo federal rapidamente aprovasse o auxílio emergencial para que a população se sentisse acolhida”, disse. “Se você pede para ficar em casa porque é necessário, e a população não tem uma resposta do auxílio emergencial na mesma agilidade que as medidas de combate à pandemia eram acionadas, evidentemente que você tem dificuldade de conduzir a pandemia”, explicou.

Posteriormente, lembrou que enquanto era governador do estado e pedia para a população ficar em casa, o presidente da República ia à TV falar contra o distanciamento social. “Então, demorou o auxílio emergencial, os recursos que foram encaminhados para completar o orçamento dos estados também demoraram. E nós tínhamos até já imaginado a possibilidade de redução de salário dos servidores para poder fazer frente ao controle da pandemia. Os recursos vieram em cima do laço e, aí, nós conseguimos dar continuidade, mas, até lá, nós tivemos dificuldade de poder fazer esse trabalho. Então, tudo isso, senador, eu estou falando, mas tudo isso é documentável”, garantiu o depoente.

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