O advogado criminalista Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, conhecido por ter defendido milicianos no Rio de Janeiro, e que atuou como assessor especial do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, negociou vacinas da Pfizer, conforme informações obtidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19.
O nome de Zoser surge nos e-mails de negociação da Pfizer, segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O nome do advogado está na lista dos pedidos de quebra de sigilo fiscal e telemático, algo que foi acordado pelo G7, grupo de sete senadores de oposição ou independentes ao governo. A lista de requerimentos de quebra de sigilo acabou não sendo votada nesta quarta-feira, e passou para quinta-feira após pedido do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).
Ao Correio, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que Zoser “era o elemento das negociações, sem ter credencial para isso”. “Atuava bastante nas negociações. Por que ele? Por que o assessor jurídico do Ministério da Saúde e não da AGU (Advocacia-Geral da União), ou o secretário-executivo, ou alguém de alguma autoridade de primeiro nível estar à frente?”, questiona.
Randolfe afirma que muitos dos contatos eram direcionados ao advogado, que foi designado para este fim — negociar as vacinas da Pfizer. A ideia do senador é seguir com a quebra de sigilo e depois convocá-lo. A nomeação de Zoser foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 20 de maio de 2020 como assessor especial do ex-ministro Pazuello e foi exonerado no dia 24 de março de 2021, um dia depois da exoneração do general.
Zoser era advogado de Pazuello quando o general foi prestar depoimento à CPI da covid-19. Ele já advogou para o ex-tenente da PM do Rio de Janeiro Daniel Santos Benitez Lopez, condenado pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta em 2011. Também foi advogado do ex-policial civil Wallace de Almeida Pires, o Robocop, demitido da polícia em 2012 após acusação de integrar a milícia de Gardênia Azul, no Rio, e que foi morto em 2019.
Em depoimento nesta quarta-feira (9/6), o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco disse que Zoser era assessor jurídico no gabinete do ministro e por vezes participou de discussões sobre vacina. Segundo Franco, a atuação do advogado também ocorreu em relação aos contratos da Janssen e do Instituto Butantan.
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